Jornalista saudita Jamal Khashoggi foi assassinado dentro do consulado da Arábia Saudita na Turquia
Reprodução/Al Manar
Jornalista saudita Jamal Khashoggi foi assassinado dentro do consulado da Arábia Saudita na Turquia

O assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi foi planejado por funcionários do governo da Arábia Saudita, concluiu um relatório preliminar da investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o caso. Khashoggi, um ferrenho crítico do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi morto no consulado do país em Istambul, na Turquia.

Leia também: Arábia Saudita diz que jornalista Jamal Khashoggi morreu em "briga" em consulado

"Evidências coletadas durante minha missão na Turquia mostram que Khashoggi foi vítima de um assassinato brutal e premeditado, planejado e cometido por membros do governo da Arábia Saudita ", disse a relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, Agnes Callamard.

Entre as evidências às quais a especialista da ONU teve acesso há trechos de áudios "espantosos e apavorantes obtidos e conservados pela agência turca de inteligência". A relatora, no entanto, reconheceu que sua equipe não teve a oportunidade de examinar de maneira profunda esse material e nem de verificar sua autenticidade.

A especialista afirmou que o assassinato de Khashoggi representou uma violação do direito internacional e das normas que regulam as relações entre países quanto ao uso legal que se deve fazer das missões diplomáticas.

"As garantias de imunidade em nenhum caso foram concebidas para facilitar um crime e exonerar os autores da sua responsabilidade penal", destacou Callarmad em declaração divulgada pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU em Genebra.

Leia também: Último texto de jornalista Jamal Khashoggi defendia liberdade de imprensa

Callamard afirmou também que "as circunstâncias do assassinato e a resposta dos representantes do Estado (saudita)" podem ser descritas como "imunidade para a impunidade".

A especialista viajou à Turquia com uma equipe que incluía um investigador de crimes graves e um legista. Durante suas indagações, constatou que a Arábia Saudita estava obstruindo e prejudicando os esforços das autoridades turcas para elucidar as circunstâncias da morte do jornalista. Um relatório final com os resultados da investigação será apresentado em junho ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Investigação da CIA também aponta para governo da Arábia Saudita

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, nega envolvimento no assassinato do jornalista
Creative Commons/President of Russia
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, nega envolvimento no assassinato do jornalista

A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) divulgou que está em posse do áudio de um telefonema em que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman , teria dado instruções para "silenciar o mais rápido possível" o jornalista Jamal Kashoggi, o saudita que foi morto dentro de um consulado em Instambul, na Turquia. As informações são de uma reportagem publicada pelo jornal turco Hurriyet Daily News em novembro do ano passado.

Leia também: Áudio revela pedido de príncipe para embaixador "silenciar" jornalista saudita

De acordo com a gravação, a instrução do príncipe teria sido passada por telefone ao seu irmão Khaled, que é embaixador saudita nos EUA. Esse é o mesmo áudio sobre o qual, durante uma visita em outubro a Ancara, a diretora da CIA, Gina Haspel, chegou a comentar com as autoridades turcas. A CIA teria esse áudio sobre a morte de Khashoggi , portanto, há dias.

Crítico do governo, Kamal Khashoggi foi morto no dia 2 de outubro de 2018, dentro do consulado saudita em Istambul, na Turquia, para onde tinha fugido em 2017. Ele tinha ido à sede diplomática para pegar documentos para se casar com sua namorada turca. O governo da Arábia Saudita admite que o jornalista morreu dentro do consulado, mas nega qualquer envolvimento do príncipe no crime.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!