Papa Francisco e o imã Ahmed al-Tayeb assinaram promessa de esforços das duas religiões para 'lutar contra o extremismo'
Vaticano/Divulgação
Papa Francisco e o imã Ahmed al-Tayeb assinaram promessa de esforços das duas religiões para 'lutar contra o extremismo'

Após três dias, o papa Francisco concluiu, nesta terça-feira (5), sua viagem inédita aos Emirados Árabes Unidos, uma nação de maioria e berço do islã. Hoje, ele dedicou a sua agenda inteiramente à comunidade católica local, celebrando uma missa no estádio Zayed Sports City a cerca de 135 mil fiéis.

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Ontem, o  papa Francisco  e o grande imã de Al-Azhar – principal líder do islã – se manifestaram juntos contra toda a discriminação de minorias religiosas e pediram fraternidade. Ao fim do encontro, Francisco e o imã Ahmed al-Tayeb assinaram uma declaração conjunta, na qual comprometeram os esforços das duas religiões para “lutar contra o extremismo”.

“Al Salamò Alaikum!” (“Que a paz esteja convosco!”), afirmou Francisco em seu discurso, no qual reforçou a ideia da fraternidade, mas que incluiu referências diretas à realidade cotidiana dos habitantes do Oriente Médio. A declaração é histórica já que ocorre em uma região em que ainda há pouca liberdade religiosa e onde o catolicismo não é visto com simpatia por todas as nações. 

Hoje, pela manhã, o papa também visitou de maneira privada a Catedral de São José, uma das únicas duas igrejas católicas do Emirados Árabes Unidos, que conta com uma população de 9 milhões de pessoas, a maioria muçulmana. A outra igreja é a de São Paulo, em Mussafah.

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"Obrigado por estarem aqui", disse Francisco aos católicos presentes, em um discurso improvisado. "É uma felicidade visitar essas pequenas igrejas. Abençoo todos e peço de rezarem pela igreja, para que a Igreja permaneça fiel ao Senhor, forte na fé e na caridade. E não esqueçam de rezar por mim", afirmou.

Em seguida, o Papa foi para o estádio Zayed Sports City, onde celebrou às 10h30 locais a primeira missa pública e de grandes dimensões já realizada na península arábica. Foram entregues 135 mil bilhetes de acesso, mas somente 45 mil pessoas assistiram à celebração de dentro da arena - o restante acompanhou a transmissão pelo lado de fora, através de telões. Entre o público, havia muitos trabalhadores e imigrantes de países asiáticos, principalmente da Índia e das Filipinas.

A missa foi a única ocasião em que Francisco usou o "papamóvel" em Abu Dhabi . "Peço a vocês a graça de proteger a paz, a união, de tomarem conta um dos outros, com essa bela fraternidade", ressaltou o Papa na homilia. O líder católico também falou sobre simplicidade e humildade, ressaltando que, apesar dos seres humanos crerem que "abençoados são os ricos, potentes e aclamados pela multidão, Jesus considera abençoados os pobres e perseguidos, que continuam sendo justos mesmo em situações delicadas".

Logo após a missa, Francisco se dirigiu ao aeroporto para embarcar de volta à Roma. Ele despediu-se das autoridades locais, como o príncipe hereditário sheik Mohammed bin Zayed Al Nahyan, no aeroporto presidencial de Abu Dhabi.

Foi a primeira vez que um papa visitou os Emirados Árabes Unidos , considerado berço do Islã. A viagem foi realizada por ocasião do encontro inter-religiosos "Irmandade Humana", organizado pelo Conselho Muçulmano de Anciãos para discutir a paz entre as religiões.

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Durante sua viagem, o papa Francisco fez apelos pela paz, pediu que os líderes religiosos sejam ativos e condenem a violência em nome de Deus. Em alguns momentos, o Papa também fez comentários sobre temas espinhosos, como as guerras no Oriente Médio e a crise no Iêmen.

* Com informações da Agência Ansa.

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