Aparentemente, a igreja Brethel, na Holanda, que está há dois meses ininterruptos realizando culto para salvar uma família armênia da deportação terá que continuar rezando. O secretário de Estado da Justiça, Mark Harbers, indicou, na última quinta-feira (20), que “não vai usar seu poder discricionário para conceder uma autorização de residência à família Tamrazyan”. Esse foi o último recurso que possibilitaria a permanência dos imigrantes no país.
Apesar disso, a igreja alegou que continuará oferecendo abrigo ao casal e aos seus três filhos, que, após viverem quase nove anos na Holanda, estão sendo obrigados a retornar à Armênia, mesmo alegando o perigo iminente de morte que os imigrantes enfrentam no país de origem.
Desde então, cerca de 650 pastores têm realizado missas constantes com duração de 24 horas, já que uma lei holandesa proíbe que autoridades conduzam operações durante serviços religiosos. A estratégia é abrigar os imigrantes na igreja e garantir que o culto dure todo o tempo em que eles estiverem lá.
Um posicionamento positivo de Harbers era esperado pela igreja de Brethel, que lamentou a “posição dura e injusta” do secretário de Estado, segundo comunicado. "Pouco antes do Natal, quando celebramos os atos de amor e paz de Deus com a humanidade, nos sentimos fortalecidos para não abandonar a nossa responsabilidade com a família Tamrazyan", declarou Theo Hettema, presidente da igreja protestante localizada na cidade de Haia.
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Segundo o que Harbers informou à RTL News, o caso já havia sido examinado por ele anteriormente e a família não teria o direito de permanecer na Holanda
, sendo que a melhor decisão da família seria voltar ao seu país de origem.
Em casos excepcionais, o Ministério holandês da Justiça pode autorizar a residência de menores ameaçados por uma ordem de expulsão. Porém, o secretário do Estado informou que não mudou de decisão e que seu posicionamento continua o mesmo.
Os serviços religiosos na igreja começaram no dia 26 de outubro, sendo que a família Tamrazyan – composta pelo pai Anousche, pela mãe Sasun e seus três filhos, Hayarpi (21 anos), Warduhi (19 anos) e Seryan (15 anos) – foi abrigada um dia antes do início do culto, na casa do antigo sacristão, acima da capela.
A filha mais velha atua como porta-voz da família e disse ser grata por tudo o que a igreja está fazendo, mas que se sente como uma prisioneira dentro da capela. "Sinto falta da luz do dia e do bom ar livre".
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A família teve que deixar a Armênia por causa do ativismo político do pai, segundo o que contou o próprio Anousche. Sensibilizados, centenas de pastores já participaram do culto que ultrapassa 1.440 horas de duração. Para ter o maior controle do número de pessoas que estão dispostas a ajudar os imigrantes
, a igreja passou a distribuir senhas.