O Tribunal de Barlavento, em Cabo Verde, suspendeu o julgamento dos três brasileiros detidos no país e condenados em primeira instância a 10 anos de prisão por tráfico internacional de drogas. A sentença foi proferida pela Justiça do país em março deste ano, após o trio ter sido flagrado com uma tonelada de cocaína escondida na embarcação em que eles viajavam.
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A decisão foi tomada após a defesa dos brasileiros ter entrado com recurso, na Justiça de Cabo Verde , contra a condenação. De acordo com os familiares dos velejadores, o primeiro julgamento realizado no começo do ano foi irregular por não ter considerado o relato de nenhuma testemunha, como no caso de um dos presos, Rodrigo Dantas.
O tribunal considerou que a falta de testemunhas e de relatórios de defesa durante o primeiro julgamento não concedeu ampla defesa aos brasileiros e, por isso, um novo julgamento deveria ser realizado. A decisão foi tomada no dia 23 de novembro, no entanto, a família só soube da suspensão na semana passada. O novo julgamento ainda não tem data marcada.
Segundo inquérito da Polícia Federal brasileira – que não foi considerado pela Justiça do país africano –, não havia como os velejadores terem conhecimento do que estava escondido no barco. No entanto, um representante do Ministério Público da Comarca de São Vicente, em Cabo Verde, declarou nos autos de uma ação penal que a investigação brasileira seria uma “manobra” para que os velejadores fossem inocentados.
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Em sua página no Facebook, o pai de Rodrigo Dantas, João Dantas, faz campanha a favor da saída do filho da prisão e fala sobre a expectativa em torno da suspensão do julgamento. “Nós ficamos esperançosos, porque isso é um sinal verde para que as ações subsequentes possam ser desenvolvidas e venham a dar a liberdade deles”.
Prisão em Cabo Verde
Daniel Guerra, Rodrigo Dantas e Daniel Dantas foram presos em agosto de 2017, em Cabo Verde , após 18 dias de travessia pelo Oceano Atlântico em um veleiro que escondia uma tonelada de cocaína no casco da embarcação.
De acordo com os familiares, o trio não sabia que o barco estava carregado de drogas e que foram vítimas de uma armação planejada por uma empresa holandesa, que contratou os brasileiros para transportar a embarcação de 72 pés de comprimento de Salvador (BA) até o porto de Açores, em Portugal.
Os três presos (entre eles, dois baianos) foram condenados junto com um francês e estão presos em Mindelo, na ilha de São Vicente, segunda ilha mais populosa do Cabo Verde .