O governo turco não dispõe somente de uma gravação, mas de dois áudios que podem ser usados como prova para contradizer a versão do procurador saudita sobre o assassinato de Jamal Khashoggi, em Istambul .
De acordo com o colunista Abdulkadir Selvi do jornal Hürriyet , jornalista próximo ao governo turco, a primeira gravação tem sete minutos e registra os gritos de Khashoggi , enquanto era estrangulado, provavelmente, por uma corda ou saco plástico.
O procurador-geral saudita divulgou que uma equipe viajou a Istambul para convencer o jornalista a voltar para a Arábia Saudita, por bem ou por mal. Porém, o chefe do grupo teria mudado de decisão e resolvido matar Khashoggi, sem consultar seus superiores.
No entanto, o áudio que está em poder das autoridades de Ancara, capital da Turquia , revela que não houve tentativa de convencer o jornalista a voltar à Arábia Saudita, o que contradiz o que foi dito pela procuradoria.
Já o segundo áudio consiste em uma conversa de 15 minutos, entre 15 agentes sauditas que chegaram a Istambul no mesmo dia em que o jornalista foi assassinado, 2 de outubro.
A gravação mostra “a equipe saudita falando sobre como vai realizar o assassinato, repassando o plano e relembrando as responsabilidades de cada um dos integrantes", afirma Selvi.
E isso não é tudo. Ainda há outras ligações telefônicas internacionais feitas pela equipe saudita, depois do assassinato, que confirmam o caráter intencional do crime.
O procurador-geral saudita anunciou, na quinta-feira (16), o pedido de pena de morte para cinco dos 18 acusados de terem cometido o crime e voltou a afirmar que a morte foi causada por uma briga entre o jornalista e os acusados.
Mevlüt Çavusolg, ministro das Relações Exteriores da Turquia, declarou desconfiar das explicações da procuradoria e propôs uma investigação internacional, que foi rejeitada. “Todas estas medidas são certamente positivas, mas também insuficientes".
O Departamento do Estado Americano também exigiu que Riad, capital da Arábia Saudita , continuasse com as investigações e considerou as acusações feitas como “um bom primeiro passo em uma boa direção”.
Foi descartada possibilidade de o rei Salman ter sido o agente do crime. Porém, seu filho, o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman não foi excluído da culpa.
Com isso, os Estados Unidos estabeleceram sanções econômicas com 17 autoridades da Arábia Saudita que estão envolvidas com o caso Khashoggi , inclusive pessoas próximas a Mohamed.
*Com informações da Agência Brasil.