Novo surto de Ebola no Congo conta com a ajuda de agentes para frear o número de casos e evitar a propagação do vírus
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Novo surto de Ebola no Congo conta com a ajuda de agentes para frear o número de casos e evitar a propagação do vírus

A República Democrática do Congo enfrenta outro surto de Ebola. A confirmação da situação foi feita pelas autoridades do país africano na noite de sábado (13), que informaram ser a cidade Beni, no leste do país, onde concentram-se os casos do novo surto de Ebola no Congo.

Fontes do governo afirmaram que a causa do  novo surto de Ebola no Congo , o segundo neste ano, acontece devido à falta de conscientização sobre a doença e à desconfiança nos agentes de saúde, que atuaram no país para combater a  primeira onda de casos, em abril.

“Os desafios são enormes e o governo está estudando como contornar a dificuldade de criar consciência e fazer com que as pessoas aceitem ser vacinadas”, disse a porta-voz do Ministério da Saúde, Jessica Ilunga.

Diante do surto, são mais de 200 casos em Beni, sendo 172 confirmados. A cidade concentra 74% dos contágios do último mês. A situação fica ainda mais alarmante para as autoridades internacionais, tendo em vista que a região faz fronteira com Uganda.

“A epidemia em Beni é de alto risco e a situação é preocupante. Ainda não sabemos a dimensão, mas o foco que estava em Mangina agora está em Beni”, afirmou o ministro da Saúde, Oly Ilunga, que também atribuiu o problema a resistência dos cidadãos a receber o tratamento, segundo informações da Agência EFE .

Dessa forma, as chances de propagação da doença para países vizinhos aumenta, assim como a situação de insegurança que impera na província de Kivu do Norte.

“É difícil limitar a circulação de pessoas em uma região tão frágil e insegura onde todos querem a paz. É um problema”, disse Ilunga, se referindo à presença de várias milícias armadas e os milhares de novos deslocados.

O governo do Congo declarou que vai implantar medidas para garantir a proteção dos trabalhadores humanitários, depois do ataque a três membros da Cruz Vermelha, congolesa, em 2 de outubro. Os agentes estavam em Butembo e foram atacados quando realizavam um enterro de um vítima de ebola.

Novo surto de Ebola no Congo acontece após três meses

Novo surto de Ebola no Congo ocorre menos de três meses do último surto da doença no país africano
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Novo surto de Ebola no Congo ocorre menos de três meses do último surto da doença no país africano

No dia 24 de julho, o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo declarou fim à epidemia da doença no país africano, que ocorreu na província de Équateur. Após 33 mortes, a doença não causou mais nenhuma vítima nos 42 dias seguintes - o equivalente a duas vezes o período de incubação do vírus.

A notícia, que já havia sido antecipada pela OMS, chegou a ser anunciada oficialmente em um comunicado do ministro da Saúde, Oly Ilunga Kalenga, como uma comemoração. "Declaro a partir deste dia, o fim da epidemia de Ebola na província de Equateur, na República Democrática do Congo", escreveu.

Detectada no noroeste do Congo em abril, a epidemia foi tratada pela OMS e pelas autoridades congolesas. A mobilização resultou na  implantação de uma vacina experimental contra a doença, que foi ministrada para mais de 3,3 mil pessoas nas áreas de risco.

A ação ajudou a conter a enfermidade no Congo, mesmo quando ele atingiu a área de Mbandaka, região de alto risco de contaminação, onde 1,5 milhão de pessoas vivem com a ligações de corrente de ar e de rios com a capital Kinshasa.

"No total, depois da verificação, o comitê de coordenação nacional registrou 54 casos (de Ebola), com 33 mortos e 21 sobreviventes", ressaltou Ilunga.

Seguindo os padrões internacionais, uma epidemia ou surto de Ebola só são consideradas finalizadas depois de 42 dias que as amostras de sangue do último caso foram negativas pela segunda vez.

Leia também: Ebola voltou: entenda como a doença se espalha e por que o vírus é tão temido

Entenda os perigos do Ebola

Novo surto de Ebola no Congo ainda não confirmou todos os casos em investigação
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Novo surto de Ebola no Congo ainda não confirmou todos os casos em investigação

Comumente conhecida como febre hemorrágica do Ebola, essa é uma enfermidade severa e geralmente mortal - com taxa de óbito de até 90%. A doença é causada pelo vírus, que faz parte da família filovírus.

A condição só ficou conhecida em 1976, quando dois surtos simultâneos aconteceram, sendo um em Yambuku, vilarejo próximo ao Rio Ebola, na República Democrática do Congo, e outro numa área remota do Sudão.

Ainda não se sabe exatamente qual a origem do vírus. No entanto, há evidências atuais que sugerem que morcegos comedores de frutas podem ter sido os hospedeiros originais.

  • Como as pessoas são infectadas?

A infecção em humanos ocorre por meio do contato com animais infectados, normalmente após o manuseio da carne, ou pelo contato com fluidos corporais de pessoas infectadas.

Grande parte das ocorrências em humanos é provocada pela transmissão de pessoa para pessoa, que acontece quando o sangue ou outras secreções, como fezes, urina, saliva e sêmen, de pacientes infectados entram em contato com o corpo de uma pessoa sadia por meio de lesões na pele ou pelas membranas mucosas.

A infecção também pode acontecer se a pessoa entre em contato com itens ou ambientes contaminados por fluidos corporais de pacientes infectados, o que inclui roupa suja, roupa de cama, luvas, equipamentos de proteção e resíduos médicos como seringas.

  • Quem está sob maior risco?

Durante um surto de ebola, as pessoas sob maior risco de contrair a infecção são: trabalhadores de saúde; membros da família e demais pessoas que tiveram contato direto com pacientes contaminados; pessoas em luto que manuseiem corpos em rituais de enterro.

Por que pessoas que participam de rituais de enterro podem contrair a doença?
Os níveis do vírus permanecem altos mesmo após a morte do paciente. Desta forma, os corpos de pessoas que morreram após serem infectadas devem ser manuseados por pessoas que utilizam equipamento protetivo e enterrados imediatamente.

A OMS aconselha que os corpos de pacientes mortos pelo ebola sejam manuseados apenas por equipes treinadas e equipadas propriamente para enterrar mortos de forma segura e digna.

  • Por que trabalhadores da saúde estão sob risco de infecção?

O risco se dá caso os profissionais não utilizem equipamento de proteção correto ou não coloquem em prática medidas de prevenção e controle de infecções no momento em que estiverem cuidando de pacientes.

Trabalhadores de todos os níveis do sistema de saúde – hospitais, clínicas e postos de saúde – devem ser informados sobre a doença e seu modo de transmissão e devem seguir firmemente as regras de precaução.

  • O vírus pode ser transmitido por via sexual?

A transmissão sexual do ebola, do homem para a mulher, é uma possibilidade muito forte, mas ainda não comprovada. Menos provável, mas ainda possível, é a transmissão da mulher para o homem.

Mais dados de vigilância e pesquisa sobre a transmissão sexual do vírus se fazem necessários, particularmente sobre a prevalência de transmissão viável pelo sêmen ao longo do tempo.

  • Quais os sinais e sintomas típicos do ebola?

Os sintomas do ebola variam, mas febre de início súbito, fraqueza intensa, dor muscular, dor de cabeça e dor na garganta são comumente sentidos logo no começo da doença – período conhecido como fase seca.

À medida em que a infecção avança, os pacientes costumam desenvolver vômito e diarreia (fase molhada), erupção cutânea, insuficiência renal e hepática e, em alguns casos, hemorragias internas e externas.

Quanto tempo demora para que as pessoas desenvolvam sintomas após a infecção?
O período de incubação ou intervalo de tempo entre a infecção e o início de sintomas varia de dois a 21 dias. O paciente só transmite a doença depois de apresentar sintomas. A infecção por ebola só pode ser confirmada por meio de exame laboratorial.

  • Quando é preciso procurar ajuda médica?

A pessoa com sintomas similares aos do Ebola (febre, dor de cabeça, dor muscular, vômito e diarreia) e que esteve em contato com pacientes possivelmente infectados pelo vírus ou que viajou a localidades onde foram registrados casos da doença deve procurar assistência médica imediatamente.

  • Há tratamento para o Ebola?

Cuidados de apoio, sobretudo terapia de reposição de fluidos, cuidadosamente gerenciada e monitorada por profissionais de saúde treinados melhoram as chances de sobrevivência. Outros tratamentos utilizados para ajudar pacientes a combater o ebola incluem, quando disponível, diálise, transfusões de sangue e terapia de reposição de plasma.

  • Pacientes infectados pelo vírus podem ser tratados em casa?

A OMS não aconselha que famílias e comunidades cuidem de pessoas com sintomas do Ebola em casa. Pacientes com sinais da doença devem procurar atendimento em hospitais ou clínicas onde médicos e enfermeiras estão equipados para prestar esse tipo de serviço.

  • O Ebola pode ser prevenido?

As pessoas podem se proteger da infecção pelo vírus seguindo medidas específicas de prevenção e controle que incluem: lavar as mãos; evitar contato com fluidos corporais de pessoas que podem ter sido infectadas; evitar manusear ou preparar corpos de pessoas que morreram com suspeita ou diagnóstico da doença.

  • Existe vacina contra o Ebola?

Uma vacina experimental contra o ebola se mostrou altamente protetiva contra o vírus na Guiné. A dose foi utilizada em estudos clínicos envolvendo quase 12 mil voluntários em 2015 e será adotada novamente pela OMS como tentativa de conter o surto registrado na República Democrática do Congo.

Leia também: Ebola provoca 41 mortes no Congo em nova epidemia da doença no país

A estratégia, este ano, é a chamada vacinação em anel, onde todas as pessoas que tiveram contato com um novo caso confirmado são rastreadas e recebem a dose, no intuito de frear a transmissão do vírus e o novo surto de Ebola no Congo.

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