Na última vez que o vírus Ebola atingiu a África ocidental, mais de 11.300 pessoas morreram em Guiné, Serra Leoa e Libéria . A epidemia aconteceu entre 2014 e 2016 e afetou quase 30 mil habitantes.
A infecção causada pelo vírus é grave e de fácil contágio, por isso tamanha preocupação desde que a República Democrática do Congo anunciou um novo surto de Ebola
em abril deste ano. Essa é a nona vez que o país declara guerra ao vírus.
Descoberto em 1976, o agente infeccioso assolou o continente africano fazendo vítimas rapidamente, fazendo a situação sair muitas vezes do controle das autoridades de Saúde dos países afetados. Um verdadeiro pesadelo que ninguém quer reviver.
Contudo, desde o dia 4 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS), informou que 14 casos foram registrados no Congo , depois confirmou, em 8 de maio, os resultados de dois exames em laboratório. Outras notificações estão sendo analisadas para dar o diagnóstico oficial e, ao todo, 45 registros da infecção foram reportados no país até dia 17 de maio, sendo que 25 evoluíram para morte.
Na última sexta-feira (18), a OMS optou por não declarar emergência internacional em saúde pública , mas alertou que a situação na região africana desperta preocupação e que países vizinhos foram avisados da possibilidade de disseminação do vírus .
Durante uma coletiva de imprensa, o chefe do comitê internacional que analisou o cenário na República Democrática do Congo, Robert Steffen, orientou que o governo local, a própria OMS e seus parceiros, incluindo Médicos sem Fronteiras e Cruz Vermelha Internacional, mantenham uma atuação conjunta e coordenada para evitar uma nova epidemia.
Segundo ele, caso o surto do vírus se amplie significativamente ou registre transmissão internacional, o comitê fará uma nova reunião para reavaliar a situação.
Confira abaixo as principais perguntas e respostas sobre o Ebola divulgadas pela OMS.
O que é a doença do vírus Ebola?
Comumente conhecida como febre hemorrágica do Ebola, essa é uma enfermidade severa e geralmente mortal - com taxa de óbito de até 90%. A doença é causada pelo vírus, que faz parte da família filovírus.
A condição só ficou conhecida em 1976, quando dois surtos simultâneos aconteceram, sendo um em Yambuku, vilarejo próximo ao Rio Ebola, na República Democrática do Congo, e outro numa área remota do Sudão.
Ainda não se sabe exatamente qual a origem do vírus. No entanto, há evidências atuais que sugerem que morcegos comedores de frutas podem ter sido os hospedeiros originais.
Como as pessoas são infectadas?
A infecção em humanos ocorre por meio do contato com animais infectados, normalmente após o manuseio da carne, ou pelo contato com fluidos corporais de pessoas infectadas.
Grande parte das ocorrências em humanos é provocada pela transmissão de pessoa para pessoa, que acontece quando o sangue ou outras secreções, como fezes, urina, saliva e sêmen, de pacientes infectados entram em contato com o corpo de uma pessoa sadia por meio de lesões na pele ou pelas membranas mucosas.
A infecção também pode acontecer se a pessoa entre em contato com itens ou ambientes contaminados por fluidos corporais de pacientes infectados, o que inclui roupa suja, roupa de cama, luvas, equipamentos de proteção e resíduos médicos como seringas.
Quem está sob maior risco?
Durante um surto de ebola, as pessoas sob maior risco de contrair a infecção são: trabalhadores de saúde; membros da família e demais pessoas que tiveram contato direto com pacientes contaminados; pessoas em luto que manuseiem corpos em rituais de enterro.
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Por que pessoas que participam de rituais de enterro podem contrair a doença?
Os níveis do vírus permanecem altos mesmo após a morte do paciente. Desta forma, os corpos de pessoas que morreram após serem infectadas devem ser manuseados por pessoas que utilizam equipamento protetivo e enterrados imediatamente.
A OMS aconselha que os corpos de pacientes mortos pelo ebola sejam manuseados apenas por equipes treinadas e equipadas propriamente para enterrar mortos de forma segura e digna.
Por que trabalhadores da saúde estão sob risco de infecção?
O risco se dá caso os profissionais não utilizem equipamento de proteção correto ou não coloquem em prática medidas de prevenção e controle de infecções no momento em que estiverem cuidando de pacientes.
Trabalhadores de todos os níveis do sistema de saúde – hospitais, clínicas e postos de saúde – devem ser informados sobre a doença e seu modo de transmissão e devem seguir firmemente as regras de precaução.
O vírus pode ser transmitido por via sexual?
A transmissão sexual do ebola, do homem para a mulher, é uma possibilidade muito forte, mas ainda não comprovada. Menos provável, mas ainda possível, é a transmissão da mulher para o homem.
Mais dados de vigilância e pesquisa sobre a transmissão sexual do vírus se fazem necessários, particularmente sobre a prevalência de transmissão viável pelo sêmen ao longo do tempo.
Quais os sinais e sintomas típicos do ebola?
Os sintomas do ebola variam, mas febre de início súbito, fraqueza intensa, dor muscular, dor de cabeça e dor na garganta são comumente sentidos logo no começo da doença – período conhecido como fase seca.
À medida em que a infecção avança, os pacientes costumam desenvolver vômito e diarreia (fase molhada), erupção cutânea, insuficiência renal e hepática e, em alguns casos, hemorragias internas e externas.
Quanto tempo demora para que as pessoas desenvolvam sintomas após a infecção?
O período de incubação ou intervalo de tempo entre a infecção e o início de sintomas varia de dois a 21 dias. O paciente só transmite a doença depois de apresentar sintomas. A infecção por ebola só pode ser confirmada por meio de exame laboratorial.
Quando é preciso procurar ajuda médica?
A pessoa com sintomas similares aos do Ebola (febre, dor de cabeça, dor muscular, vômito e diarreia) e que esteve em contato com pacientes possivelmente infectados pelo vírus ou que viajou a localidades onde foram registrados casos da doença deve procurar assistência médica imediatamente.
Há tratamento para o ebola?
Cuidados de apoio, sobretudo terapia de reposição de fluidos, cuidadosamente gerenciada e monitorada por profissionais de saúde treinados melhoram as chances de sobrevivência. Outros tratamentos utilizados para ajudar pacientes a combater o ebola incluem, quando disponível, diálise, transfusões de sangue e terapia de reposição de plasma.
Pacientes infectados pelo vírus podem ser tratados em casa?
A OMS não aconselha que famílias e comunidades cuidem de pessoas com sintomas do Ebola em casa. Pacientes com sinais da doença devem procurar atendimento em hospitais ou clínicas onde médicos e enfermeiras estão equipados para prestar esse tipo de serviço.
O Ebola pode ser prevenido?
As pessoas podem se proteger da infecção pelo vírus seguindo medidas específicas de prevenção e controle que incluem: lavar as mãos; evitar contato com fluidos corporais de pessoas que podem ter sido infectadas; evitar manusear ou preparar corpos de pessoas que morreram com suspeita ou diagnóstico da doença.
Existe vacina contra o Ebola?
Uma vacina experimental contra o ebola se mostrou altamente protetiva contra o vírus na Guiné. A dose foi utilizada em estudos clínicos envolvendo quase 12 mil voluntários em 2015 e será adotada novamente pela OMS como tentativa de conter o surto registrado na República Democrática do Congo.
A estratégia, este ano, é a chamada vacinação em anel, onde todas as pessoas que tiveram contato com um novo caso confirmado são rastreadas e recebem a dose, no intuito de frear a transmissão do vírus.
*Com informações da Agência Brasil