A alta cúpula da Igreja Católica no Chile remeteu um pedido de renúncia ao papa Francisco nesta sexta-feira (18). Trinta e quatro bispos, que estiveram junto ao pontífice na segunda-feira (14), tomaram a decisão após serem apontados como omissos pelo Vaticano frente ao escândalo de pedofilia envolvendo padres e bispos no Chile .
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As acusações de pedofilia
praticadas por membros da Igreja no Chile vieram à tona em 2004. As autoridades eclesiásticas do país não teriam se movido frente às denúncias de inúmeras vítimas – só em 2011 um único padre foi punido pelos casos.
O escândalo ganhou outro patamar quando da visita de Francisco ao país, em janeiro. Na época, igrejas foram atacadas e pichadas, em protestos que buscavam chamar a atenção para a negligência dos bispos.
O papa
, que num primeiro momento diminuiu as denúncias, classificando-as de “calúnias”, se arrependeu e chegou a se reunir com as vítimas. Após o encontro, convocou os bispos a irem a Roma.
Em seu comunicado ao papa, os bispos pediram desculpas “pela dor causada às vítimas, ao papa, aos povos de Deus e ao país por nossos graves erros e omissões”. Eles também colocaram os cargos à disposição da Igreja e pediram que Francisco “livremente decida o que fazer com cada um de nós”.
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Vergonha e dor
Em sua visita ao Chile em janeiro, o papa Francisco , em reunião com políticos e diplomatas do país, disse sentir “vergonha e dor” por conta dos casos de pedofilia envolvendo clérigos chilenos. Em nome da igreja, ele pediu perdão pelo “dano irreparável causado a crianças por parte dos padres”.
“Desejo unir-me aos meus irmãos no Episcopado porque é justo pedir perdão e apoiar com todas as forças as vítimas, enquanto devemos nos empenhar para que isso não se repita", disse Francisco.
Na chegada do papa – quando ele quebrou o protocolo e cumprimentou os fiéis que o aguardavam no aeroporto -, uma carta assinada por membros da comunidade de Osorno, no Chile, lhe foi entregue.
A carta relata casos de pedofilia cometidos por um padre da região e pede a revogação do título de bispo dado a Juan Barros, que teria agido para acobertar as histórias de abuso. Ele foi um dos 34 bispos que pediram a renúncia à Francisco.
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