A ex-presidente argentina Cristina Kirchner teve a prisão preventiva pedida nesta quinta-feira (7) pelo juiz federal Claudio Bonadio, responsável pelos processos relacionados à investigação sobre a assinatura de um memorando entre o governo do país e o Irã . O acordo bilateral foi assinado em 2013 pela então presidente argentina e é suspeito de ter como objetivo acorbetar o envolvimento iraniano com atentado ocorrido em 1994 na sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). O ataque deixou 85 mortos e cerca de 330 feridos.
O pedido de prisão contra Cristina Kirchner foi justificado com o argumento de que a ex-presidente pode "atrapalhar as investigações" se permanecer em liberdade. O cumprimento da prisão precisa ser analisado pelo Senado, que analisará a remoção ou não da imunidade parlamentar da ex-mandatária argentina, que atualmente ocupa o posto de senadora.
A ex-presidente e outros altos dirigentes do governo argentino foram denunciados no início de 2015 pelo promotor Alberto Nisman, que foi encontrado morto em seu apartamento
quatro dias após oferecer a acusação à Justiça.
Após a morte de Nisman, as investigações sobre o acordo assinado por Cristina e o governo iraniano (que nunca foi ratificado pelo parlamento do Irã e também foi considerado inconsitucional pela Suprema Corte de Buenos Aires) travaram, e só foram reabertas no fim do ano passado.
Outras prisões
Além da ordem judicial contra Kirchner, o juiz Bonadio também pediu a prisão de seu ex-secretário na Presidência, Carlos Zanini, e do ex-líder peronista Luis D'Elia pelas mesmas razões apresentadas na ação contra a atual senadora. A polícia já prendeu os dois.
Recentemente, jornais argentinos revelaram uma conversa do ex-ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman, com um diretor da Amia em que o chanceler revelou que o governo kirchnerista sabia da atuação do governo iraniano no atentado ocorrido em 1994.
Os investigados podem ser responsabilizados também por "traição à Pátria", com uma pena que varia entre 10 e 25 anos.
Na última vez que falou sobre o assunto, em outubro deste ano, Cristina Kirchner afirmou que era "alvo de perseguição política" do atual presidente, Mauricio Macri, contra os membros da oposição.
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*Com informações e reportagem da Ansa