O presidente da Venezuela Nicolás Maduro foi duramente recebido por uma multidão de San Félix, no estado de Bolívar nesta terça-feira (11), sendo alvo de pedradas e ovadas de dezenas de pessoas que ainda gritavam palavras de ordem, vaiando a passagem do veículo em que o mandatário estava.
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Nicolás Maduro
participava do desfile militar, que já estava quase no final quando a confusão teve início. O ato aconteceu no mesmo dia em que a Procuradoria na nação confirmou a segunda morte de um civil durante protestos de oposição ao governo. Segundo os investigadores, o homem de 20 anos foi vítima de uma bala policial, que atingiu seu pescoço.
A emissora de TV oficial do país transmitia o desfile ao vivo, capturando o momento em que objetos são lançados contra ele, e logo corta as imagens. Mas, é possível ver nas imagens divulgadas que a equipe de segurança do presidente o cerca a fim de protegê-lo das pedradas e de outras agressões. O mandatário venezuelano foi retirado do local rapidamente.
O ministro da Informação, Ernesto Villegas, também divulgou imagens da saída de Maduro do local, momentos antes do incidente, mas nestas imagens o presidente está rodeado por centenas de apoiadores.
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Apesar do encerramento da transmissão ao vivo, muitos vídeos foram divulgados nas redes sociais, inclusive com a manifestação de diferentes líderes da oposição ao governo. "Nicolás. O povo de San Félix te ama e quer te alimentar. É por isso que atiraram ovos, tomates, verduras, cascas de bananas e outras coisas", escreveu o deputado opositor Henry Ramos Allup no Twitter. O parlamentar ainda divulgou uma charge irônica sobre o fato.
Clima tenso e mortes
A Venezuela vive um período de tensão política, com protestos de oposição ao governo sendo realizados em diferentes estados do país, reprimidos de maneira violenta pela força militar. Segundo o deputado de oposição Tomás Guanipa, “várias pessoas foram detidas pelos protestos contra Maduro”. Nas redes sociais, apontam que já são cinco presos, mas esse número não foi confirmado.
A morte de Daniel Queliz, de 20 anos, foi confirmada nesta terça-feira (11), sendo a segunda que teria ocorrido durante as recentes manifestações no país. Ele foi morto por policiais em uma manifestação na cidade de Valencia. Além dele, Jairo Ortiz, de 19 anos, também foi vítima da forte repressão da polícia, desta vez em uma cidade próxima à capital Caracas, na quinta-feira (6).
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A morte de uma idosa na última segunda-feira (10), que teria sido asfixiada pelo gás lacrimogêneo em seu apartamento em Caracas, próximo a manifestações, foi relacionada ao momento tenso.
No dia 4 de abril, manifestantes e forças de segurança entraram em confronto, o que vem se repetindo desde então. O protesto no começo do mês havia sido convocado na semana anterior após o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ter anulado todas as funções da Assembleia Nacional. O TSJ é fiel a Maduro, enquanto o Parlamento é dominado pela oposição.
Denúncias de golpe de estado pipocaram no sábado (1º), gerando ainda mais revolta entre grupos opositores. Além disso, a Venezuela enfrenta problemas na Organização dos Estados Americanos (OEA), que é favorável à soltura de presos políticos venezuelanos e às novas eleições no país. O grupo ameaça suspender a participação do país sul-americano no bloco, do mesmo modo que ocorreu com o Mercosul.
Não bastassem todos os problemas políticos, Nicolás Maduro ainda enfrenta a dificuldade diante de uma economia precária, com a escassez de produtos de necessidade básica. Os supermercados de grandes e pequenas cidades, inclusive os da capital Caracas, estão vazios e com falta de muitos produtos. Por isso, milhares estão migrando para países vizinhos em busca de melhores condições de vida, até para o Brasil.