O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, foi impedido de aterrissar na Holanda neste sábado
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O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, foi impedido de aterrissar na Holanda neste sábado

A tensão entre a Holanda e a Turquia continua se elevando desde o último sábado (11), quando o governo holandês proibiu que dois ministros turcos participassem de um comício político na cidade de Roterdã.  Após o veto, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan acusou o país de ser “fascista” e “nazista”, ofensas que Amsterdã pediu que fossem retiradas – mas ainda não foram.

O caso acontece depois de acusação semelhante feita à Alemanha, que também proibiu a participação de ministros turcos em comícios no seu território e foi chamada de “nazista”. Depois do veto aos comícios nas cidades alemãs e em Roterdã , a União Europeia (UE) está em alerta, já que a tensão pode colocar em risco as relações diplomáticas bilaterais e afetar a estabilidade do bloco.

A Holanda afirmou que, caso Erdogan não retire o que disse, “as relações entre os dois países ficarão difíceis”. Já a Turquia convocou o representante diplomático holandês para protestar contra o tratamento dispensado aos dois ministros, vetados da participação nos comícios: como a embaixada está em período de férias, o representante da Holanda será o encarregado de negócios Daan Feddo Huisinga.

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Além disso, Ancara enviou duas cartas de protestos formais, as quais citam um suposto “uso desproporcional” da força contra os manifestantes turcos na Holanda neste fim de semana. O governo holandês, por sua vez, emitiu um alerta para os cidadãos do país que pretendem viajar ou que estão em solo turco.

“Diante das tensões diplomáticas entre a Holanda e a Turquia desde o dia 11 de março de 2017, fiquem em alerta em todo o território e evitem encontros e multidões em locais muito frequentados”, escreveu o governo.

Na Europa, alguns países já começaram a se pronunciar sobre o caso, entre eles a Alemanha, que também sofreu acusações do governo de Erdogan recentemente. O porta-voz do governo de Merkel, Steffen Seibert, se posicionou a favor do país vizinho, dizendo que “Roterdã foi alvo de bombardeios desproporcionais”.  Já o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico norte (Otan), Jens Stoltenberg, pediu para que os dois países tenham um “diálogo robusto”, que é “o coração das democracias, mas com respeito”.

Peço que seja um diálogo comedido não somente entre Turquia e Holanda, mas também com a Alemanha e os aliados europeus da Otan", comentou. "O importante é se concentrar nos desafios comuns e nas questões que geram divisão".

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu para que a Turquia evite os comentários “excessivos e de ações que possam exacerbar a situação”. Ainda disse que a situação deverá ser resolvida mantendo um canal de comunicação aberto.

Entenda o caso

No último sábado, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, participaria de um comício político, tendo como objetivo abordar o referendo que será realizado na Turquia no dia 16 de abril, questionando a população acerca da mudança constitucional no país, instituindo o sistema presidencialista – que, no final das contas, dá ainda mais poder a Recep Tayyip Erdogan.

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O governo holandês, contudo, não permitiu que o avião do chanceler pousasse em seu território e, ainda, escoltou a ministra da Família Fatma Betül Sayan Kaya até a fronteira com a Alemanha para que pudesse sair do país. A Holanda explicou que a presença de dois ministros em um evento político em Roterdã, a segundo maior cidade do país, poderia colocar a segurança de todos em risco, acarretando em tumultos.

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