Chamas na terra indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho (MS)
Ibama-PrevFogo/Reprodução
Chamas na terra indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho (MS)

A seca mais extensa já registrada no Brasil contribuiu para o pico no número de queimadas em 2024. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio entre janeiro e a última segunda-feira (9) chegou a 164.543 - o maior para este período desde 2010 e o quinto desde o início da série histórica, em 1998 — o pior ano foi 2007, com 184.010 focos.

Além disso, a seca deste ano é a mais intensa em partes da Amazônia, com chances de superar em severidade a do Pantanal em 2021, que até agora é considerada a mais extrema do bioma.

Em nota técnica, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) detalhou a gravidade e extensão do fenômeno. A nota lembra que ele começou no segundo semestre de 2023. De acordo com o órgão,  5 milhões de km² - ou seja, 59% do país - estão sob algum grau de seca.

A estiagem mais extensa registrada até então era a de 2015-2016, com 4,6 milhões de km² (54% do território). A terceira mais ampla foi a de 1997-1998, que afetou 3,6 milhões de km² (42%).

Tanto a comunidade científica quanto a nota técnica do Cemaden alertam que as mudanças climáticas e o desmatamento aumentam o risco e a severidade das secas, que vêm atingindo os biomas brasileiros desde a década de 1980.

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Na nota, o Cemaden destaca que a seca deste ano impactou gravemente uma faixa ocupada por Acre, Amazonas, Mato Grosso, São Paulo e o Triângulo Mineiro, todos com municípios há 12 meses consecutivos em seca. “Regiões mais ao Norte e ao Sul apresentam uma condição mais favorável, com menos de 30 dias consecutivos sem chuva”, diz a nota.

Clima seco é mais propício para queimadas

Com exceção do Pampa, no Sul, a quantidade de queimadas registrada em 2024 é a maior já registrada nos últimos anos. Isso se deve ao fato do clima seco ser favorável à propagação do fogo. Entretanto, para que incêndios de grandes proporções comecem, é preciso ter intenção, conforme explica Karla Longo, especialista em queimadas e transporte de poluentes do Inpe, ao O Globo.

"É muito conveniente colocar a conta na mão do clima. Se estamos nessa situação é porque tem gente ateando fogo", afirma Karla Longo, especialista em queimadas e transporte de poluentes do Inpe.

Medidas governamentais

O presidente Lula anunciou no início da noite desta terça-feira (10), em Manaus (AM), a criação de uma Autoridade Climática, para conter os impactos das mudanças climáticas no país. A declaração foi realizada na capital do Amazonas, após o presidente passar a manhã em visita às comunidades afetadas pela seca e pelos incêndios. 

“Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento a esses fenômenos. Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico científico que dê suporte e articule implementação das ações do governo federal”, disse o presidente, que também anunciou a criação de um Comitê Técnico-Científico para apoiar e articular as ações do governo federal de combate à mudança do clima.

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