Rio Tapajós
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Rio Tapajós

Nesta sexta, o Ministério Público Federal requisitou informações ao Ibama e à Secretaria estadual de Meio Ambiente do Pará sobre a poluição do Rio Tapajós, que já atinge o distrito de Alter do Chão.

Conforme mostrou O GLOBO, pesquisadores encontraram, recentemente, toxinas no rio, liberadas por cianobactérias. A cor escura da água vem chamando a atenção de moradores e especialistas, que apontam o garimpo, o desmatamento e o despejo de esgoto como origem dos problemas.

O MPF quer saber quais medidas as autoridades estão tomando para apurar e solucionar a situação. Além disso, o MPF também questionou a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) se existem estudos atualizados turbidez das águas e sobre casos de contaminação por mercúrio na população humana e animal da região.

A partir de agora, pesquisadores, entidades públicas e a sociedade civil serão convidadas, pelo Ministério Público, para discutir as medidas de contenção do avanço da poluição no leito do rio Tapajós.

Na quinta, o MPF encaminhou uma manifestação à justiça federal, apontando que o município de Santarém vem descumprindo uma sentença de 2019, que determinou a realização de exames de balneabilidade periódicos nas praias de Alter do Chão.

Segundo os pesquisadores da região, os estudos de balneabilidade normalmente realizados no local são simples, como os de liberação de praia no Rio de Janeiro, que detecta presença de coliformes fecais. O ideal agora, dizem, seria um exame mais aprofundado, para identificar as toxinas e cianobactérias.

Conforme explicou a doutora em ciências biológicas, Dávia Talgatti, da Ufopa, que identificou a contaminação no Tapajós no ano passado, as toxinas são liberadas por cianobactérias, que vêm se proliferando no rio, junto com algas. Essa proliferação pode ter sido impulsionada pelo garimpo, bem como pelo despejo de esgoto.

Outro fator que contribui para a turbidez da água é o aumento recente das chuvas, já que, cada vez mais, as margens do Tapajós estão desmatadas. A chamada mata ciliar conseguia cumprir a função de represamento dos sedimentos.

Garimpo promove despejo de 7 milhões de toneladas de sedimentos

Em relação ao garimpo ilegal, que se concentra principalmente no alto do Tapajós, entre Jacareacanga e Itaituba, o MPF destacou que entrou com uma ação, em 2019, para pedir à Justiça providências contra a "completa precariedade no controle da cadeia econômica do ouro no país".

O pedido foi embasado pelo relatório técnico feito pela PF e pela Ufopa, em 2018, que mostrou que são despejados sete milhões de toneladas por ano de sedimentos no Tapajós, pelo garimpo ilegal. Assim, a cada 11 anos, o despejo é semelhante ao do resultado do rompimento da barragem de Mariana (MG).

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