Um estudo com base em imagens produzidas por satélites concluiu que, nos 50.139 hectares que tiveram exploração madeireira no Pará de agosto de 2019 a julho de 2020, em 55% dos casos não houve a autorização de órgãos ambientais. Os dados são de levantamento feito pela Rede Simex, com participação integrada dos institutos Imazon e ICV e das ONGs Idesam e Imaflora, publicado ontem.
Em comparação com o levantamento realizado no mesmo período do ano anterior (de agosto de 2018 a julho de 2019), quando a exploração de áreas não autorizadas representava 38% do total, concluiu-se que esse ano houve um aumento de 20% da atividade.
O sudeste do estado concentrou a área mais explorada sem autorização, ainda segundo a pesquisa, com 15.349 hectares, 56% do total. Em seguida no ranking, está a região do Baixo Amazonas, que representou 22%, e o sudoeste, 15% de toda a área de exploração não autorizada.
"O Sudeste paraense é uma região que possui uma zona madeireira antiga, onde a atividade segue sendo bastante intensa devido à expansão da rede de estradas e à existência de estoques florestais remanescentes", explica Dalton Cardoso, pesquisador do Imazon, em comunicado.
A área com derrubada de árvores na Terra Indígena Baú, no Pará, corresponde a 158 campos de futebol. No entanto, Cardoso avalia que houve "redução expressiva da atividade não autorizada em áreas protegidas, sobretudo em terras indígenas".
"Entretanto, é preciso levar em conta que a alta cobertura de nuvens em áreas protegidas consideradas críticas pode ter contribuído para essa pouca detecção da extração madeireira no período avaliado", completa o pesquisador do instituto.
Os 27.595 hectares de exploração madeireira sem autorização do Pará
- Imóveis rurais cadastrados: 17.726 hectares, 64,2% do total.
- Assentamentos rurais: 5.434 hectares, 19,7% do total
- Vazios cartográficos: 2.635 hectares, 8,7% do total
- Terras não destinadas: 1.858 hectares, 6,8% do total
- Território indígena: 158 hectares, 0,6% do total.
No início do mês, um outro estudo revelou que exploração madeireira impactou área equivalente a meio milhão de campos de futebol em apenas um ano. Do total, o Pará foi o quarto estado com o maior território explorado, correspondendo a 10,8%.