Presidentes de nove partidos se reuniram na manhã desta quarta-feira, em Brasília, para traçar estratégias de mobilização pelo impeachment de Jair Bolsonaro. Após o ato esvaziado do último dia 12 , convocado por MBL, Vem Pra Rua e Livres, a oposição quer transformar a Avenida Paulista, em São Paulo, no palco de um grande ato nacional, com a presença de todas as lideranças partidárias. A ideia é reduzir o número de manifestações e se concentrar na organização dos protestos nas capitais, além de divulgar um manifesto, produzido em conjunto.
Convocado pelo PDT, o encontro reuniu dirigentes de PT, PSB, PSOL, PCdoB, Rede, Cidadania, PV e Solidariedade. Eles pretendem se somar ao ato já marcado pela campanha Fora, Bolsonaro, organizada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e pela Coalizão Negra dos Direitos, em 2 de outubro.
"Vamos fazer atos nacionais em todo o Brasil e um ato com a presença de todas as lideranças nacionais em São Paulo. São atos contra Bolsonaro e, também, em defesa da democracia. As fundações dos noves partidos vão preparar um documento, um manifesto, abordando aquilo que de fato é importantíssimo neste momento: a luta por emprego, renda e contra a carestia", disse Gleisi Hoffmann.
Ao fim do encontro, o presidente do PDT, Carlos Lupi; do PT, Gleisi Hoffmann; e do PSB, Carlos Siqueira, afirmaram que vão buscar a adesão de partidos de centro e centro-direita, como DEM, MDB e PSDB e PSD, nas manifestações.
"Estamos organizando um time para cuidar da propaganda, da publicidade, da marca dessas manifestações. O objetivo é colocar o verde e amarelo da bandeira brasileira em seu lugar. Atualmente, as nossas cores estão sendo usadas indevidamente", disse Lupi, que minimizou a baixa adesão de atos contra o governo na semana passada.
"Acho que aquele movimento foi feito pela sociedade organizada, o MBL, outros grupos. Nosso engajamento não foi grande para convocar. A tendência dos atos futuros é ser bem maior. Temos que ir para a sociedade, ir para a periferia, falar do custo de vida, falar do desemprego, crise energética, preço do gás, da gasolina", afirmou.
Ele se disse otimista para ter a presença de PSDB, MDB, DEM e PSD nos atos, mas afirmou que "cada partido tem seu tempo e processo interno de consulta".
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A organização dos protestos pretende montar um palco fixo na Avenida Paulista, em vez de carros de som que se desloquem até a Praça Roosevelt, como nos três primeiros atos da esquerda contra Bolsonaro, para emular os protestos da década de 1980 que pediam o fim da ditadura militar. e a volta das eleições diretas no Brasil.
"A ideia é que sejam menos atos. Em vez de 500 cidades, vamos concentrar nas capitais, pela manhã, para que as lideranças possam se deslocar até São Paulo na parte da tarde, onde faremos um grande ato nacional. Queremos algo com essa envergadura, algo amplo à la Diretas Já ", afirmou Juliano Medeiros, presidente do PSOL.
Medeiros nega que a inspiração tenha sido o 7 de Setembro, quando os bolsonaristas, a pedido do presidente, preferiram se concentrar em dois locais, em Brasília e em São Paulo, para ter um maior volume de público. O psolista afirmou que o tempo escasso para a organização levou os presidentes partidários a preferirem concentrar a mobilização em poucas cidades.
A reunião, que contou com a participação de deputados como Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria, e Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição, selou a data para os dois novos atos: 2 de outubro e 15 de novembro.
"Foi combinado hoje que o ato do dia 2 de outubro será o mais amplo possível, com entidades da sociedade civil, entidades sindicais e populares e partidos que vão do PSOL a legendas de centro-direita. O mote dos atos é "Fora, Bolsonaro. Impeachment já" — afirmou Carlos Siqueira.
A reunião dos nove partidos, que durou uma hora e meia, ocorreu em uma sala no corredor das comissões da Câmara dos Deputados. Quando os presidentes dos partidos começaram a discursar, a imprensa foi retirada do local pela assessoria do PDT, que afirmou que, por consenso dos dirigentes dos nove partidos, o encontro seria fechado. Um policial legislativo foi colocado na entrada do plenário para evitar a entrada de jornalistas e pessoas não autorizadas. A reunião durou uma hora e meia.