Salles diz que Brasil não é 'o grande vilão' quando se trata dos gases poluentes
Alan Santos/PR
Salles diz que Brasil não é 'o grande vilão' quando se trata dos gases poluentes

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, citou emissões de gases poluentes por outros países, como China e Estados Unidos, para afirmar que o Brasil não pode ser visto como "o grande vilão do planeta" na questão ambiental. Às vésperas de uma nova cúpula do clima, ele afirmou que o país espera ajuda para "pagar uma conta que não é nossa".

"A China representa 30% das emissões das emissões mundiais (de gases do efeito estufa). Os Estados Unidos, 15%. A Europa, 14% e a Índia, 7%. Essas quatro regiões do planeta: 66%. O Brasil é (responsável por) 3%. (...) Não somos o grande vilão do planeta. Dos 3%, o desmatamento é metade. Eles estão nos cobrando que a gente enfrente esse 1,5%", disse em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Ao defender a soberania da floresta, afirmou que a preocupação dos EUA com a preservação do bioma e também com as mudanças climáticas era legítima. Também disse que participa de reuniões semanais para continuar as negociações acerca do Acordo de Paris, tratado mundial que busca diminuir o aquecimento global.

A Amazônia, no entanto, bateu recorde de desmatamento durante a gestão de Salles à frente da pasta diante da flexibilização das leis, do avanço das madeireiras e das mineradoras, da falta de fiscalização e dos cortes orçamentários. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 11.088 km² de mata foram desnudados em 2020. O maior valor em 12 anos também representa um salta de 9,5% ante o ano anterior.

Perguntado se a demissão dele seria uma condição para melhorar as relações com o governo Biden, o ministro tergiversou. Ele negou que houvesse comentários no governo sobre a possibilidade de demissão dele ou que essa fosse uma condição colocada pelos Estados Unidos na questão ambiental. A dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios levou à troca no comando de seis pastas e das Forças Armadas nesta semana.

"Se um dia o presidente precisar trocar a mim ou a algum outro ministro, o cargo é dele. Ele que foi eleito com 58% dos votos. Então, ele troca quem ele quiser, na hora que ele quiser, pelo motivo que ele quiser. Eu, inclusive", afirmou, defendendo a chamada reforma ministerial.

"Os Estados Unidos, na parte ambiental, com o secretário (de Estado John) Kerry, têm tido um excelente relacionamento conosco, ao contrário do que alguns urubus ficavam dizendo".

O ministro destacou a riqueza da biodiversidade da Amazônia e o potencial de gerar empregos por meio da bioeconomia. O modelo de produção se baseia em recursos biológicos renováveis.

"Para a gente poder transformar esses produtos da biodiversidade, com interesse comercial, em escala, com investimento, com laboratório, é preciso que a gente tenha uma política de atração do setor privado".

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