A primeira-dama Michelle Bolsonaro entrou na campanha do presidente Jair Bolsonaro atendendo às expectativas do marketing do projeto de reeleição. Na convenção do PL neste domingo (24) no Rio de Janeiro, Michelle, até então resistente a se engajar, foi a primeira a falar e fez um discurso de 12 minutos no qual boa parte dele se dedicou a tentar humanizar a imagem do marido com foco no eleitorado feminino, no qual Bolsonaro tem maior resistência.
"Muitas vezes, queridos, ele dorme angustiado, ele deita angustiado, e de madrugada, ele é meio sem noção com celular, tá, mas quando eu vejo ele assistindo ali, ouvindo Paulinho Gogó, Ceará, da Praça é Nossa, e eu vejo aquela alegria, aquele sorriso vindo de dentro, eu falo: Glória a Deus. Ele me acordou, eu to com raiva dele, mas Glória a Deus porque ele amanheceu bem e eu tenho certeza que ele vai ter um dia bom", disse Michelle.
Os coordenadores da campanha apostam na busca do voto feminino para Bolsonaro tirar a diferença do ex-presidente Lula, do PT, que lidera as pesquisas de intenção de voto. Há um entendimento interno que Bolsonaro não mudará seu perfil considerado agressivo por esta parcela do público. Por isso, os estrategistas já vinham defendendo que Michelle falasse como ela vê o marido e contasse como o presidente é na intimidade.
Foi exatamente o que ela fez neste domingo ao relatar que o presidente tem angústias, dizer que ele tem “coração puro” e até mesmo contar sobre rotina do casal. Ela relembrou a facada sofrida pelo presidente na campanha de 2018 e chamando a plateia de eleitores de “irmãos”, como se fosse um culto, Michelle disse até mesmo se sentar na cadeira do presidente para orar por ele uma vez por semana
"Eu sempre oro toda terça-feira no gabinete dele quando ele vai embora. Quando o Planalto se fecha, eu entro com meus intercessores e oro na cadeira dele. E eu declaro todos os dias: Jair Messias Bolsonaro ser forte e corajoso, não temas. Não temas. Ele é um escolhido de Deus, ele é um escolhido de Deus. Esse homem tem um coração puro, limpo, além de ser lindo, né? Mas é meu", disse Michelle.
Em seu discurso, Michelle que família é atacada e relatou que o presidente tem sequelas da facada até hoje. Ela contou ainda ter um doença autoimune e disse que a filha, sem citar qual, tem síndrome do pânico. Ela também defendeu o marido das críticas de que “ele não gosta de mulheres”.
"Falam com vários rótulos que ele tem. Falam que ele não gosta de mulheres. E ele foi o presidente da história que mais sancionou leis para as mulheres, para a proteção das mulheres. 70 leis, 70 leis de proteção para as mulheres", disse Michelle.
A primeira-dama chegou a se filiar ao PL para participar dos programas partidários na TV, mas Michelle acabou não gravando, apesar dos apelos do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que chegou a ligar para ela pessoalmente. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF), agora, tem tentando convencer Michelle, de quem é amiga, a se engajar e até mesmo propôs que elas viajassem juntas durante a campanha. Neste domingo, a primeira-dama indica que mudará o posicionamento.
"A reeleição não é por um projeto de poder como muitos pensam. Não é por status, porque é muito difícil estar desse lado. A reeleição é por um propósito de libertação, por um propósito de cura para o nosso Brasil", disse.