Bolsonaro afirma que a auditoria não será feita somente após as eleições
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Bolsonaro afirma que a auditoria não será feita somente após as eleições


Em nova investida contra a confiabilidade do sistema eleitoral, o presidente  Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que seu partido, o PL, vai contratar uma empresa para fazer uma auditoria nas eleições deste ano. 

A medida foi anunciada em sua tradicional "live", em que voltou a levantar dúvidas sobre a lisura do processo de votação no país. Em ocasiões anteriores, o presidente chegou a dizer que houve fraude na disputa de 2018, quando foi eleito, mas nunca apresentou qualquer prova que sustentasse sua afirmação.

“Eu adianto, em primeira mão: estive com o presidente do partido, o PL [Valdemar Costa Neto], e como está na legislação, nós contrataremos uma empresa para fazer auditoria nas eleições. Deixo claro: essa auditoria não vai ser feita após as eleições. Uma vez contratada, começa a trabalhar. A empresa vai pedir ao TSE com toda certeza uma grande quantidade de informações. Ela vai pedir às Forças Armadas o trabalho que fez até agora”, disse Bolsonaro.

O presidente não revelou qual empresa será contratada para fazer a auditoria, mas afirmou que há a possibilidade de ela recusar caso o TSE não colabore cedendo informações.

“O que pode acontecer? Pode, em poucas semanas de trabalho, essa empresa que faz auditoria no mundo todo, empresa de ponta, pode chegar à conclusão de que, antes das eleições, dada a documentação que tem na mão, dado o que já foi feito para melhor termos uma eleição livre de suspeita e ingerência externa, pode falar: é impossível auditar e não querer fazer o trabalho. Olha a que ponto nós vamos chegar”, disse o presidente, acrescentando: “Ninguém quer dar golpe.”

Na transmissão ao vivo, Bolsonaro defendeu ainda o papel das Forças Armadas, que participam da Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) a convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No mês passado, o ex-presidente da Corte Luís Roberto Barroso disse que as Forças Armadas estavam sendo orientadas a atacar o processo eleitoral.

Os militares foram incluídos pelo TSE no grupo que acompanha os preparativos das eleições no ano passado, como uma tentativa de diminuir os ataques do presidente às urnas eletrônicas. Após o convite, o presidente mudou o tom das críticas e passou a dizer que a participação das Forças Armadas garantiriam uma eleição segura.

Em fevereiro deste ano, porém, Bolsonaro voltou a colocar dúvidas sobre o processo ao afirmar que as Forças Armadas identificaram vulnerabilidades nos sistemas do TSE. 

No dia seguinte, a corte eleitoral, então presidida por Barroso, divulgou nota dizendo que as "Forças Armadas apresentam perguntas técnicas sobre funcionamento do sistema eleitoral" e que "não há levantamento sobre possíveis vulnerabilidades". 

Em abril, a Corte divulgou as respostas e reafirmou que as urnas são seguras, atestando que nenhuma fraude foi constatada desde que o equipamento passou a ser adotado nas eleições brasileiras, em 1996.


Nesta quinta-feira, porém, Bolsonaro insistiu que as Forças Armadas apontaram "vulnerabilidades", o que já havia sido negado pela Corte.

“Se as urnas são inexpugnáveis, por que essa preocupação? As Forças Armadas não vão fazer apenas o papel de chancelar, de ser expectadoras”, disse Bolsonaro.

Na semana passada, o atual presidente do TSE, o ministro Edson Fachin, voltou a reforçar a segurança do processo eleitoral no Brasil e disse que não vai aceitar uma intervenção das Forças Armadas nas eleições. 

A declaração serviu como uma resposta a Bolsonaro, que havia voltado a levantar suspeitas sobre o assunto e sugerido que os militares pudessem fazer uma apuração paralela dos votos, em que os dados da votação seriam enviados para um computador específico das Forças Armadas.

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