Membros de um movimento de jovens de esquerda esticaram na entrada do portão principal da Uerj, no Maracanã, Rio de Janeiro, uma faixa de repúdio contra as supostas inteferências do governo federal no conteúdo do Enem. A denúncia foi feita no início do mês por servidores públicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que organiza a prova. Desde então, mais de 30 funcionários pediram para deixar seus cargos comissionados.
João Pedro de Paula, do movimento Juntos!, chama de "desmonte" as supostas pressões de membros do governo federal para realizar mudanças no conteúdo didático. Na última semanas, servidores foram à imprensa denunciar interferências externas para modificar termos e palavras de questões, como 'ditadura militar'. Mesmo um quadrinho da personagem Mafalda teria sido censurado.
"Sou estudante da UFRJ, entrei na universidade pelo Enem. Estivemos aqui na Uerj porque vivemos um Enem sob ataque do governo Bolsonaro. Estamos aqui pelo direito universal de estudar, para que todo mundo tenha, de fato, condições de acessar à universidade, e também na luta contra o desmonte que está acontecendo. Dezenas de servidores pediram demissão porque há censura".
31 funcionários do Inep pediram demissão
No último dia 8, 31 funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério de Educação (MEC) e responsável pela realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pediram demissão, após a justificativa de "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep".
Dias depois, ex-funcionários que não se identificaram detalharam que as "fragilidades" seriam fruto de interferência externa de pessoas colocadas pelo governo federal para opinar sobre as questões construídas pelos técnicos. Temas politicamente sensíveis eram retirados das provas.