Os alunos da rede municipal do Rio , de todas as séries do Ensino Fundamental , passarão a ter, a partir desta quinta-feira (13), aulas que serão exibidas pela televisão. A iniciativa, anunciada nessa quarta-feira pela prefeitura, tem o objetivo de reforçar o conteúdo que vem sendo dado à distância desde o início da pandemia do novo coronavírus . Serão exibidos programas diários e, nas primeiras semanas, segundo informações da prefeitura, a programação será voltada para o “ensino socioemocional", com conteúdo de trinta minutos de duração.
A partir da terceira semana, a grade será incrementada, com programação específica para cada série e de todas as matérias. As aulas terão uma hora de duração. O programa foi batizado de Escola.Rio. A prefeitura ainda não anunciou como será a divisão diária de aulas por séries ou conteúdo.
A transmissão das aulas será no canal 7 da TV aberta (Band), no alternativo digital 7.2 (também da Band) e na TV Escola. Nas primeiras semanas, as aulas serão transmitidas de segunda-feira a sábado, das 13h30 às 14h. O conteúdo também será transmitido pela MultiRio, que é vinculada à Secretaria municipal de Educação (SME), nos canais 26 e 526 da Net. Também haverá reprises na TV Escola.
Já a partir da terceira semana de programação (entre os dias 24 e 29 deste mês), o programa passará a ser exibido na Band (nos canais 7 e 7.2) das 8h às 9h e reprisará entre 14h e 15h.
Ex-secretária municipal de Educação do Rio , Cláudia Costin afirmou que a exibição de aulas pela televisão tem sido usada desde o início da pandemia em municípios e estados país afora, a exemplo de Manaus, capital do Amazonas. Ela também citou exemplos como o município de Serra Negra do Norte, no Rio Grande no Norte, que foi pioneiro na transmissão de aulas via rádio. A intenção, segundo Costin, é fazer o conteúdo chegar aos alunos que não têm acesso à internet. No entanto, para a especialista, a iniciativa no Rio foi tardia.
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"Essa iniciativa (de aulas pela TV) pode, sim, ser positiva. O que causa estranheza é ter sido adotada depois de tanto tempo de pandemia, já que a Secretaria municipal de Educação conta com a MultiRio", avalia a ex-secretária.
Já Lea Cutz, do Fórum estadual de Educação do Rio, questiona a eficácia da medida: "Como sempre, há muita falta de informação e planejamento nas ações da prefeitura em relação à educação. Há muitas dúvidas sobre que aulas de reforço serão essas, se quase não houve aula este ano. Pedagogicamente, é desqualificado e desonesto".
Gustavo Miranda, coordenador geral do Sindicato estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) do Rio, afirma ser favorável à iniciativa de exibição de aulas pela televisão.
"A posição do sindicato sempre foi de que qualquer forma de combate à inatividade do estudante é fundamental. A disponibilização das aulas pela internet ou televisão, obviamente com todo rigor da licitação, sem esbanjar dinheiro. Considerando que isso foi feito com o máximo de zelo pelo dinheiro público, é bem- vindo", explica Miranda.
O coordenador do Sepe explica ainda que o sindicato é contra a reabertura de escolas, mas todas as formas de manter o fornecimento de conteúdo pelo município são vistas de forma positiva: "O que criticamos é a possibilidade de abertura da escola. Achamos que é um absurdo a abertura precipitada porque coloca as pessoas em risco".
Na rede municipal do Rio , como não houve padronização de forma de ministrar o conteúdo, ficou a cargo das direções das escolas deliberar sobre o assunto. Há unidades em que há aulas pela internet e outras nas quais a internet só é utilizada para disponibilizar tarefas que devem ser realizadas, com professores à disposição para tirar dúvidas. Há, ainda, unidades que estão entregando exercícios a serem executados nas casas dos estudantes.