A gestão do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), colocou questões sobre projetos de governo em um material didático que seria entregue à rede estadual de ensino. A medida causou polêmica e a Secretaria de Educação informou que suspendeu a impressão dos livros. No entanto, uma versão digital do conteúdo chegou a ser disponibilizada nas escolas.
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De acordo com o jornal Folha de S.Paulo , os exercícios faziam parte da coleção Aprender Sempre, voltada ao ensino de português e matemática para os estudantes do 5º ano do ensino fundamental. Uma das questões reproduz um texto de divulgação do programa Respeito à Vida, escrito pelo governo de Doria para a segurança no trânsito.
Uma das questões pedia que os alunos corrigissem dois erros de gramática no texto, a vírgula usada entre sujeito e predicado e o sobrenome do governador, que não tem acento.
“O Programa Respeito à Vida – São Paulo dirigindo com responsabilidade, (sic) foi apresentado pelo Governador do Estado de São Paulo, João Dória (sic). Ele informou no lançamento do Respeito à vida, (sic) que os alunos das escolas públicas estaduais terão um papel fundamental”, diz um trecho do texto.
Em outro exercício, a resposta faz menção a Doria novamente. “No trecho ‘Ele informou no lançamento do Respeito à vida’ a quem se refere a palavra destacada?”.
A presidente do Sindicato dos Professores da rede estadual, a deputada professora Bebel (PT), disse ter recebido reclamações de docentes que foram orientados a imprimir o material.
Apoiador do projeto Escola Sem Partido, Doria afirmou, em novembro do ano passado, que "escola é lugar para aprendizado, não lugar para se fazer política". Após a publicação da Folha , a Secretaria da Educação afirmou, em nota, que o conteúdo não faz propaganda político-partidária.
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A pasta também informou que o material foi elaborado "de forma colaborativa por professores da rede estadual" e é voltado para apenas 3,7% dos estudantes, já que a rede estadual atua especialmente no ensino médio. “Tendo em vista a dúvida suscitada, a secretaria decidiu abrir apuração para averiguar os procedimentos adotados na validação do conteúdo elaborado por mais de 200 professores”, diz a nota.