A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) anunciou nesta terça-feira (4) o corte de mais 2.724 bolsas de pesquisa para 2019. Somando aos cortes anunciados no início do mês passado , já chega a 6.198 o total de bolsas suspensas pela fundação do Ministério da Educação durante o governo Jair Bolsonaro (PSL).
Os novos cortes atingem 2.331 bolsas de mestrado, 335 de doutorado e 58 de pós-doutorado. Essas bolsas seriam oferecidas em cursos com avaliação 3 pela Capes (em escala que vai até 7) há pelo menos dez anos. Nenhum bolsista com o benefício em vigor deve ser afetado.
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A priorização de cursos com avaliação 5, 6 e 7 é um dos pilares do atual momento da Capes, segundo assegurou o presidente do órgão, Anderson Ribeiro Correia. A lista de prioridades passa ainda pela preservação das atuais 200 mil bolsas em vigor (no Brasil e no exterior), pela "manutenção de todos os projetos estratégicos e relevantes para o País", pela manutenção dos repasses de custeio para os cursos, pelo "contínuo diálogo com a comunidade acadêmica" e pela "atenção especial para a Amazônia".
De acordo com o diretor de gestão do órgão, Anderson Lozi da Rocha, o corte de bolsas se insere em um pacote de medidas que visam a economia de R$ 300 milhões até o fim do ano. Essas medidas passam ainda pela postergação de investimentos em tecnologia da informação e até mesmo pela economia de água e luz. "Esperamos que a situação econômica do País melhore para que possamos, minimamente, ou reverter ou evitar que mais ações futuras sejam necessárias", disse Rocha.
A diretora do Programas e Bolsas no País, Zena Martins, afirmou que o "congelamento" atinge bolsas ofertadas em 330 cursos de pós-graduação com nota 3. Segundo Martins, os cortes afetarão menos os bolsistas de cursos relacionados ao programa Amazônia Legal.
Um dos programas que serão mais afetados pelo anúncio feito nesta terça-feira é o Programa Institucional de Internacionalização ( PrInt ). Segundo Mauro Rabelo, chefe da diretoria de Relações Internacionais da Capes, a duração do programa foi estendida de quatro para cinco anos, e 30% dos recursos previstos para o programa ainda em 2019 serão realocados para o orçamento de 2023.
"Nós observamos que, por ser nova a forma de organização, as 36 universidades e instituições de pesquisa contempladas com o PrInt ainda estavam em fase de aprendizado. A extensão contribui para que as instituições se organizem de uma forma melhor", defendeu.
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Segundo Rabelo, estavam previstas para este ano a oferta de 5.913 bolsas pelo Print, número que caiu para 4.139. Até o momento, explicando o que o diretor chamou de "fase de aprendizado", apenas 113 bolsas foram concedidas.