O ministro da Educação, Ricardo Vélez, rebateu as críticas que recebeu de Marcus Vinicius Rodrigues, que era presidente do Inep e acabou sendo exonerado nesta terça-feira (26). De acordo com o ministro, Rodrigues foi demitido por que "puxou o tapete" ao adiar avaliação sobre alfabetização de alunos do ensino básico em dois anos sem consultar outros membros da pasta.
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"A última demissão no MEC [ocorreu], porque o diretor-presidente do Inep puxou o tapete. Ele mudou de forma abrupta o entendimento que já tinha sido feito para a preservação da Base Nacional Curricular e fazer as avaliações de comum acordo com as secretarias de educação estaduais e municipais", disse Vélez
.
"Realmente, considerei um ato grave, que não consultou o ministro, se alicerçou em pareceres técnicos, mas não foi debatido no seio do MEC", completou o ministro. Mais cedo, o ex-presidente do Inep havia criticado a gestão do ministro.
"[Ricardo Vélez Rodríguez ] É uma pessoa do bem, tem boa vontade. Mas o ministro Ricardo é gerencialmente incompetente. Ele não tem conhecimento de gestão, além de não ser um educador. Isso faz com que ele não consiga gerenciar o dia a dia em um governo tão importante, que está tentando recuperar o Brasil", disse o ex-presidente do Inep.
A declaração foi dada nesta terça-feira e publicada na edição de hoje do jornal O Globo , após a exoneração do dirigente. Na mesma entrevista, o presidente demitido do Inep disse que a portaria suspendendo a avaliação da alfabetização no país este ano, apontada como motivo da sua demissão, foi apenas um "pretexto" de Vélez para retirá-lo do cargo. No entanto, não assumiu a demissão como injusta.
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"A minha demissão não foi uma injustiça. Foi um ato de incompetência gerencial de um ministro que não tem poder de gestão, não tem controle emocional para dirigir a Educação do Brasil", afirmou. "Pesou o fato de termos um modelo de gestão aplicada no Inep muito destoante do que vem sendo aplicado no MEC", disse.
Ainda segundo Marcus Vinicius, a suspensão dos testes para crianças de 7 anos, que estão aprendendo a ler e escrever, foi um pedido direto do secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, que é muito próximo a Vélez. Ontem, o ministro afirmou que foi surpreendido pela suspensão, após repercussão negativa da portaria publicada na última segunda-feira. E, por conta disso, Vélez a revogou no dia seguinte.
"Eu não posso dizer que ele não sabia. Mas o secretário de Alfabetização é provavelmente o colaborador mais próximo do ministro hoje. Os dois moravam na mesma cidade, são grandes amigos", conta o ex-presidente do Inep. "Acho difícil que o Nadalim não tenha informado ao ministro sobre uma coisa tão importante. Mesmo porque o Nadalim não foi punido. Se o Nadalim tivesse traído o ministro, provavelmente seria exonerado", concluiu.
Com danças das cadeiras quase que semanais , o ministério comandado por Vélez
tem sido palco de embates entre militares, técnicos e os chamados 'olavistas' – ex-alunos de Olavo de Carvalho. Marcus Vinicius é doutor em Engenharia de Produção e foi professor da Fundação Getulio Vargas.