De acordo com o MP, quadrilha cobrava de R$ 80 mil a R$ 140 mil dos interessados na fraude
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De acordo com o MP, quadrilha cobrava de R$ 80 mil a R$ 140 mil dos interessados na fraude

O MP-GO (Ministério Público de Goiás) ofereceu denúncia à Justiça contra dez integrantes de uma quadrilha especializada em fraudar o vestibular de medicina da Universidade de Rio Verde (Unirv) – Campus Goianésia. O grupo pedia entre R$ 80 mil e R$ 140 mil de cada candidato para integrar a fraude.

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De acordo com a acusação, cada denunciado possuía sua função na quadrilha , desde o aliciamento dos vestibulandos até o treinamento destes e recebimento do valor cobrado pelo esquema. Os estudantes beneficiados são investigados em autos separados, objetos de nova investigação.

Foram denunciados pelo crime de organização criminosa Carlos Menem Alves, Elisângela Nunes Borges, Fernando Batista Pereira, Lucas Souza Soares, Matheus Ovídio Siqueira, Osmar Pereira Evangelista Filho, Ricardo Gomes Matos, Rodolfo Gomes Matos, Rogério Cardoso de Matos e Rogério Cardoso de Matos Filho.

A Promotoria pediu ainda a decretação da prisão preventiva dos acusados, tendo em vista que existem os requisitos necessários para sua decretação. De acordo com o promotor Felipe Oltramari, foi demonstrado que “se trata de uma organização criminosa, com diversos tentáculos e atuantes em vários municípios brasileiros, causando, há anos, prejuízos à sociedade, com dano incalculável à lisura de certames de interesse público, demonstrando, assim, a necessidade da custódia cautelar para a garantia da ordem pública, bem como também para a garantia da instrução processual e aplicação da lei penal”.

Como funcionava o esquema

A denúncia dá conta de que Rogério de Matos era o chefe operacional do grupo. Ele teria arquitetado todo o projeto, bem como selecionou os participantes que atualmente integram o esquema. Rogério de Matos Filho, Ricardo Gomes e Rodolfo Gomes são irmãos, filhos de Rogério de Matos, e tinham a função de aliciar os vestibulandos para participar das fraudes e de negociar os valores.

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Osmar Evangelista, Lucas Soares e Carlos Menem também eram aliciadores. Eles captavam vestibulandos interessados na compra de vagas do curso e utilizavam as redes sociais para essa finalidade. Cabia a Fernando Pereira treinar os interessados e ser o mensageiro. Unido a Elisângela Nunes, sua mulher, eles repassavam para os candidatos o gabarito por mensagem de texto.

Já Matheus Siqueira era “piloto”. Ou seja, segundo a denúncia, ele se inscrevia no vestibular, fazia a prova e repassava por mensagem de texto o gabarito para Fernando e Elisângela que, após recebê-lo, enviava para os vestibulandos que integravam a fraude.

Envolvimento dos candidatos

Após aceitar participar do esquema, o candidato tinha que desembolsar a quantia negociada, que variava de R$ 80 mil a R$ 140 mil, sendo o pagamento parcelado de acordo com a negociação. Na semana do vestibular , os candidatos recebiam um treinamento, oferecido pela organização, bem como o aparelho celular utilizado na fraude, o qual recepcionava as respostas às questões já resolvidas pelo “piloto”. No treinamento, os contratantes eram orientados sobre como deveriam se vestir para esconder o aparelho, além de como se portar quando o gabarito chegasse por mensagem de texto.

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No dia da prova, os “pilotos” da quadrilha faziam a prova e repassavam as respostas para os mensageiros que, em posse do gabarito, o repassavam por mensagem de texto aos alunos aliciados. Ao sentir o celular vibrar, pediam ao fiscal da prova para ir ao banheiro, onde visualizavam o gabarito e, ao retornar para sala, repassavam para suas respectivas provas.

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