Brasil despenca em índice de solidariedade
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Brasil despenca em índice de solidariedade


Além da polarização política, vem chamando a atenção os aumentos da intransigência, intolerância, racismo e das violências física, verbal e digital em índices nunca registrados nas relações sociais no Brasil . O país vem mudando o seu perfil ou revelando uma face que muitos desconheciam ou mantinham escondido.


Até mesmo a solidariedade apontada como uma das mais marcantes características brasileiras está sendo deixada de lado. O clima de incerteza e desconfiança e as divergências políticas-ideológicas estão entre os fatores estimados.

O Brasil despencou no ranking dos mais solidários do mundo da 18ª para a 89ª posição, segundo o World Giving Index (WGI) , uma das maiores pesquisas sobre doações no mundo, que abrange 142 nações e é divulgada anualmente desde 2009. 

O país apresentou redução em todos os indicadores analisados, entre eles: contribuições para ONGs, asistência a desconhecidos e participação em trabalhos voluntários.

O WGI, conhecido como Pesquisa da Solidariedade, é realizado e coletado no Brasil pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) em parceria com a Charities Aid Foundation (CAF) , uma organização internacional que promove a filantropia. A sondagem mede o comportamento das pessoas com base em três premissas referentes ao último mês: "Se deu dinheiro para uma organização social?" "Ajudou algum estranho?" "Doou seu tempo ou trabalho em prol de alguma causa social?". 

De acordo com o estudo, o Brasil registrou uma queda em todos esses aspectos. A proporção de pessoas que doaram dinheiro para uma ONG passou de 41% para 26%, das que auxiliaram alguém que não conhecia de 76% para 64% e a nas ações voluntárias de 25% para 21%. Nessa última análise, o Brasil aparece atrás dos vizinhos Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru e Uruguai.

Segundo Paula Fabiani, CEO do IDIS, a queda do Brasil no ranking pode ter sido agravada pela diminuição da cobertura midiática sobre o tema e o empobrecimento da população. 

“A edição anterior refletia ainda os impactos da pandemia, quando a generosidade estava em alta e, as formas de participação, seja por meio de doações ou voluntariado, estavam mais evidentes”, complementa. 

A pesquisa também revelou que a Indonésia é o país mais generoso do mundo, pelo sexto ano consecutivo, seguida pela Ucrânia, que saltou da décima posição no ano anterior após o início dos ataques russos. 

No Top 10, ao mesmo tempo em que aparecem os ricos Estados Unidos e Canadá, surge na lista a Libéria, um dos mais pobres e menos desenvolvidos, ocupando a quarta posição. O ranking do WGI é composto ainda por Quênia, Myanmar, Kuwait, Nigéria e Nova Zelândia.

A estimativa é de que 4,2 bilhões de pessoas praticaram algum ato solidário, o correspondente a 72% da população mundial adulta. O WGI é uma ferramenta que busca incentivar a cultura de doação e a participação social, além de monitorar o progresso dos países em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.  

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