Presidente Lula
Rafa Neddermeyer/Agência Brasil - 27.10.2023
Presidente Lula


Enquanto tudo caminha para que Nikolas Ferreira realmente comande a Comissão de Educação da Câmara em 2024, muita gente se pergunta por que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não usou sua influência para barrar a indicação junto a Arthur Lira (PP). Os dois motivos são correlatos, mas explicam muito a nova dinâmica do petista em sua relação com o Parlamento: ele foi pego de surpresa e não quer criar atrito com os parlamentares por um assunto considerado menor.

O Portal IG apurou que Lula não esperava a indicação de Nikolas por parte do PL. Na última reunião em que se tratou sobre as comissões, a expectativa do governo era de que o partido de Valdemar da Costa Neto fosse pragmático e indicasse políticos tradicionais e se afastasse do bolsonarismo, como um sinal de boa vontade para com o poder judiciário.

Na visão do núcleo duro do Executivo, este movimento parecia claro para tentar amansar a fúria do STF (Supremo Tribunal Federal). O PL está no olho do furacão depois da operação da Polícia Federal, que chegou a prender Valdemar da Costa Neto e que segue investigando o uso da legenda para uma tentativa de golpe de estado, que culminou com o 8 de janeiro.

Por isso mesmo é que a manutenção do nome de Nikolas surpreendeu. Parte do governo enxergou isso como uma espécie de aposta dobrada do PL para ver o circo pegar fogo. Neste ponto, os bastidores caminhavam para que o nome do parlamentar fosse barrado e havia até boa vontade de Arthur Lira para contribuir neste sentido, porém não houve o aval de Lula.

O presidente foi consultado por membros do governo no Congresso e pediu que não houvesse nenhuma articulação ardilosa ou que fosse necessária a intervenção da administração a fim de novas barganhas. Com isso, os governistas decidiram por não fazer nenhum movimento intransigente e o PT, orientado pelo próprio Lula, aceitou o acordo que deverá levar Nikolas ao cargo.

Este cenário ocorreu porque, segundo fontes ligadas ao Planalto, Lula não quer desperdiçar energia e negociação com este tema. Na visão dele, o governo tem pouco espaço para negociar com o Congresso para muitos temas que serão importantes em 2024 e que precisarão de muito esforço para aprovação de pautas. Temas que ele considera fundamentais para implementar as políticas públicas defendidas pelos ministros e que necessitam de aval dos parlamentares.


Lula afirmou a um aliado que não vê sentido gastar munição com a presidência de uma Comissão que, no final das contas, não terá poder para impedir que as políticas públicas educacionais sejam implementadas. Um nome do alto escalão do governo até brincou que, enquanto Nikolas irá gravar vídeos se posicionando contra o banheiro unissex, o Ministério da Educação estará debatendo e aprovando temas sérios, como o novo ensino médio.

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