Simone Tebet
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Simone Tebet


Simone Tebet foi acionada por seus pares no MDB para uma ação quase impossível. A ministra do planejamento do governo Lula (PT) recebeu mais de uma ligação dos líderes da legenda para que tenha uma conversa com Ricardo Nunes e convença o prefeito de São Paulo a não comparecer à manifestação em favor de Jair Bolsonaro (PL), marcado para o próximo dia 25 de fevereiro na avenida Paulista.

A princípio, segundo apurou o Último Segundo, Nunes já vinha resistindo à ideia de comparecer porque não tinha a intenção de virar alvo do STF (Supremo Tribunal Federal).

Como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou presença, o prefeito de SP se sentiu pressionado a fazer o mesmo. Ele teme que o não comparecimento seja visto como uma espécie de traição e que, assim, Bolsonaro retire o apoio à sua reeleição e lance apoio a outro nome do espectro de direita, o que prejudicaria a disputa.

Nunes ainda não bateu o martelo, mas vem dizendo a aliados que pretende ir ao evento para mostrar fidelidade a Bolsonaro.

Boa parte do MDB, no entanto, já se mostrou contrária a este movimento. Mesmo o diretório estadual, que tem maior proximidade com o bolsonarismo, enxerga que é um momento estratégico para se distanciar.

Por mais que membros importantes da legenda estejam em conversas diárias com o prefeito, ele continua afirmando que não ir seria pior que ir. O cálculo político de Nunes é de que é melhor enfrentar as consequências jurídicas, já que não fará nada de errado, do que perder o voto do eleitor de Bolsonaro e, consequentemente, perder para Boulos (PSOL) nas eleições.

O impasse chegou num ponto em que parece não haver conclusão. Por causa disso, alguns nomes do MDB foram escalados para conversar seriamente com o prefeito. Entre eles está a ministra de Lula, Simone Tebet.

Um dos nomes mais contundentes contra Jair Bolsonaro nas eleições 2022 e a responsável por articular o apoio da sigla a Lula no segundo turno, ela agora tem a missão de evitar o que alguns corregiolionários chamam de "suicídio político".

Embora todos os filiados do MDB respeitem a liberdade de políticos escolherem seus apoios regionais e, às vezes, até nacionais - mesmo na base de Lula, a sigla não entrega todos os votos e tem membros na oposição - este movimento de Nunes tem sido visto como arriscado para a sigla e não apenas para o próprio prefeito.

Controlar a cidade de São Paulo é visto como a cereja do bolo para quase todas as agremiações políticas. Membros do MDB acreditam que a prefeitura caiu no colo do partido por conta da morte precoce de Bruno Covas e que não se pode colocar em risco mais 4 anos administrando SP só para apoiar Bolsonaro.


Tebet prometeu a aliados que terá uma conversa franca com Nunes. Ela irá explicar a posição partidária do MDB, mas pretende ir além. A ministra lembrará Nunes que é impossível controlar o que políticos do espectro radical de Bolsonaro falará no palanque e muito menos os pedidos em cartazes durante as manifestações.

Na visão dela, o evento acabará ganhando ares golpistas e o prefeito de São Paulo automaticamente será associado a eventos não-democráticos, dificultando sua defesa na eleição, no governo federal e até no STF.

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