O cenário político brasileiro passa por movimentações surpreendentes, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) costurando uma aliança com o Centrão para assegurar a maioria no Congresso Nacional. Essa coalizão estratégica implica na concessão de espaço a ex-bolsonaristas agora integrados ao governo.
Uma dessas figuras é André Fufuca (PP-MA), atual ministro do Esporte, indicado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, para liderar a pasta em substituição a Ana Moser.
Fufuca, que inicialmente despontou na política como afilhado político de Eduardo Cunha, apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, integrou a base governista de Jair Bolsonaro e respaldou sua reeleição contra Lula. Atualmente, ele declara ser "lulista", afirmando que seu único interesse é servir ao país.
Outro exemplo desse realinhamento político é a figura de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, indicado por Bolsonaro e com boa relação com o bolsonarismo.
Embora o Banco Central seja independente, Campos Neto tem elogiado o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), afirmando seu único interesse em questões técnicas nas decisões do BC.
Arthur Lira, que foi parte da base de Bolsonaro e chegou a ser cogitado como ministro de Lula após seu mandato na presidência da Câmara, também integra a nova base governista. Além disso, Lira indicou tanto Fufuca quanto o novo presidente da Caixa Federal, Carlos Vieira.
O Republicanos, que fez parte da base do governo Bolsonaro, atualmente declara independência e defende ideias liberais e conservadoras. Marcos Pereira, presidente nacional da sigla, agora faz parte do governo Lula e conta com Silvio Costa Filho (PE) como ministro responsável por Portos e Aeroportos.
A aceitação de ex-bolsonaristas no governo Lula gerou críticas de ativistas de esquerda que apoiaram o petista desde o primeiro turno das eleições do ano passado. Na avaliação do grupo, o presidente não deveria compor com ex-apoiadores de Bolsonaro e tentar implementar uma pauta progressista.