Dos inscritos na relação do Itamaraty, 18 se encontram na cidade de Rafah (fronteira com o Egito).
Reprodução: Flipar
Dos inscritos na relação do Itamaraty, 18 se encontram na cidade de Rafah (fronteira com o Egito).

A passagem de Rafah foi novamente fechada nesta sexta-feira (10) , após ter sido reaberta mais uma vez na quinta-feira (9), frustrando novamente a expectativa de saída dos 24 brasileiros e seus 10 familiares do território palestino que foram incluidos pela primeira vez na lista de autorizados a cruzar a fronteira. 

 Ela se tornou um dos principais assuntos internacionais, por ser a única saída possível para estrangeiros e palestinos com dupla cidadania deixarem a Faixa de Gaza. 


A colocação dos brasileiros na lista acontece após o Chanceler de Israel, Eli Cohen, assegurar ao ministro Mauro Vieira, em um telefonema feito nesta quinta-feira (9), que eles poderão cruzar Rafah nesta sexta-feira (10). 

O argumento dos representantes do governo de Israel para a demora em liberar os brasileiros são os fechamentos da fronteira por questões de segurança. Mas o contexto, em comparação com a saída de outras nacionalidades, chamou a atenção de especialistas.


Posicionamento internacional do Brasil


Isabela Agostinelli, professora de Política e Relações Internacionais no Colégio FECAP, diz que há indícios de uma possível retaliação por parte do governo israelense em relação ao posicionamento que o Brasil adotou desde o início do conflito de não condenar apenas os ataques do Hamas, mas principalmente os ataques desproporcionais que Israel contra a população de Gaza. 

“Embora Israel argumente que os bombardeios tenham como alvo apenas os combatentes do Hamas e suas bases, fato é que toda a população palestina de Gaza é atingida”, diz Agostinelli,  que complementa “parece que a demora em liberar os brasileiros e palestinos naturalizados para cruzarem a fronteira de Rafah é uma maneira de pressionar o governo a adotar uma posição similar a de Israel.” 

O grupo de brasileiros continua sendo assistido pelo Itamaraty, que acompanha de perto a situação na região e é responsável por fornecer condições básicas como dinheiro para compra de alimentos e aluguel de imóveis para eles se refugiarem. Além disso, o Ministério das relações exteriores dialoga com os governos de Israel, Egito e também com a embaixada do Estado da Palestina no Brasil.


Imbróglio diplomático 


Em entrevista exclusiva ao Portal iG, o embaixador Ibrahim Alzeben, da embaixada do Estado da Palestina no Brasil, diz não ter nenhum contato com Israel e Egito, mas mantém diálogo com o Itamaraty e com os brasileiros que estão na Faixa de Gaza.

Ao ser questionado sobre como está sendo possível manter  a segurança do grupo, o embaixador diz: “Ninguém está seguro em nenhuma parte na Faixa de Gaza. Nenhum palestino estará a salvo em território ocupado.” 

Agostinelli concorda que a dificuldade em retirar os brasileiros do local cria um imbróglio diplomático. “O Brasil não consegue tomar ações mais duras contra Israel neste momento porque depende da liberação dos 34 brasileiros que estão esperando para sair de Gaza. Por sua vez, Israel continua ignorando os esforços diplomáticos do governo brasileiro.”


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