A crise de articulação no Palácio do Planalto ainda é pauta entre os parlamentares, mesmo após Lula assumir as negociações pela medida provisória que reestrutura ministérios do governo. Deputados e senadores alertaram o petista sobre a necessidade de alterar o negociador político do governo e já há um nome preferido dos congressistas para o posto: Geraldo Alckmin.
Parlamentares que conversaram com a coluna afirmam que o vice de Lula tem maior aceitação de deputados da base independente por ter feito parte da ala histórica do PSDB e sabe como funciona as articulações com o Centrão. As fontes ressaltam que Alckmin tem entrada em partidos mais complicados, como o União Brasil, que conta com parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O nome de Geraldo Alckmin atende aos desejos dos deputados e das cúpulas partidárias para embarcarem no governo federal. Ao iG, congressistas afirmaram que o vice-presidente pode abrir espaço para a proximidade com Lula e tem abertura para pressionar o petista a liberar emendas parlamentares no prazo.
O nome de Alckmin, porém, não está entre os maiores desejos do Planalto. Lula quer ter seu vice por perto no comando do Executivo, enquanto parte da cúpula petista na Câmara tem receio que o vice ganhe protagonismo maior que o próprio presidente da República.
Pressão sobre Padilha
O Centrão tem criticado a articulação do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e afirmam que a manutenção dele no cargo pode prejudicar o Palácio do Planalto. Eles lembram que Padilha não tem cumprido com a liberação de emendas e possui dificuldades em conversar com deputados conservadores.
Os problemas nas articulações passaram a ser visíveis na quarta-feira (31), quando a Câmara dos Deputados ameaçou não votar a MP dos Ministérios. Até o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), fez críticas veladas ao ministro.
O texto chegou a ser aprovado após a interferência de Lula, que tomou as ações e conversou diretamente com os parlamentares. Durante as negociações, os deputados pediram a Lula que a pasta responsável pela articulação política fique com um nome de fora do PT.
O próprio Lula já admitiu para a aliados a necessidade de melhorar a articulação com os congressistas e, embora negue publicamente, já prepara uma reforma ministerial. As mudanças também estão entre os pedidos do Centrão, principalmente de União Brasil, MDB e PSD, que querem maior protagonismo no governo federal.
O petista, porém, quer segurar Padilha no Palácio do Planalto. Fontes disseram à coluna que há possibilidade de Padilha apenas mudar de ministério e manter seu poder junto ao governo, mas ainda não se sabe qual pasta será o destino do deputado paulista.
A movimentação só mudará se o Centrão mantiver a forte pressão sobre o Planalto. Nesse caso, Padilha será um dos líderes do governo na Câmara dos Deputados.