A manobra do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL), para minar qualquer investigação da oposição deu certo. Nesta sexta-feira (24), a Alesp abriu cinco Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs), todas ligadas a base governista.
Assessores parlamentares estavam acampados desde a última terça-feira (21), em frente a sala de comissões para protocolar as CPIs. A fila foi provocada por um ato de André do Prado que determinou a volta do protocolo para investigações por papel. Antes, os pedidos eram feitos por sistema virtual.
Para a oposição, a manobra tinha objetivo de minar a possibilidade de a oposição emplacar alguma investigação. PT e PSOL buscavam instaurar uma investigação sobre o tiroteio em Paraisópolis, quando o então candidato Tarcísio de Freitas fazia um ato de campanha.
No começo da manhã, o deputado Eduardo Suplicy (PT) invocou o Estatuto do Idoso para ter prioridade na fila. Os outros deputados recusaram, o que gerou um princípio de discussão entre os parlamentares.
Em conversa com a coluna, deputados da oposição informaram que estudam medidas judiciais para conseguir ter direito a, pelo menos, uma CPI.
CPIs emplacadas
Das cinco CPIs emplacadas, três são do PL. A primeira é de Thiago Auricchio, que pretende investigar os problemas no fornecimento de energia pela Enel.
Já Fabiana Barroso (PL) instaurou uma CPI para apurar políticas públicas e a situação de morros do Estado. A ideia surgiu após os deslizamentos de terra provocados pelas chuvas no litoral paulista.
Gil Diniz foi outro deputado do PL contemplado com uma comissão. O parlamentar quer apurar a conduta do Hospital das Clínicas em tratamento para transição de gênero entre crianças e adolescentes. Essa é a comissão mais polêmica na Casa, já que, para a oposição, o objetivo de Diniz é usar a CPI para atacar a oposição.
As duas últimas comissões ficaram com o MDB e PSD, ambos partidos da base de Tarcísio. O deputado Itamar Borges (MDB) emplacou uma investigação sobre golpes do Pix e clonagem de cartões, enquanto Paulo Corrêa Junior (PSD) conseguiu abrir uma comissão para apurar a "epidemia de crack" no estado.