O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, em Kiev, no dia 15 de julho de 2024
Sergei Supinsky
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, em Kiev, no dia 15 de julho de 2024


A ideia da ofensiva ucraniana em solo russo não deve ter partido de Zelensky, presidente ucraniano, alguém sem qualquer noção do assunto -- lembremos que ele, antes de entrar na política, era humorista. Mas foi uma jogada ou um movimento bastante inteligente.

Enfiadas em terras ucranianas, as FFAA russas terão que se deslocar em recuo para defender seu próprio território e deter a ofensiva ucraniana.

Além disso, um dos flancos de ataque foi Kursk, uma região que num passado remoto foi da Ucrânia e, além disso, passa ali o enorme gasoduto da Gazprom, levando o gás necessário para abastecer e aquecer a Europa toda.

Se estivéssemos lidando com um um líder sem limites como Hitler, o gasoduto teria sido explodido e todos ali teriam sérios problemas, não apenas a Rússia. Ocorre que a Gazprom paga um bom dinheiro à Ucrânia por usar seu território como passagem do gasoduto (E$1Bi por ano) e Zelensky não quer perder essa grana.


Se o fluxo desse precioso insumo for interrompido, estimam-se perdas imediatas de mais de E$ 6Bi, um desastre econômico para a região e mesmo para a Europa. Sem contar que a agressividade do conflito migraria para uma outra dimensão, muito mais intensa. E Putin já ameaçou por diversas vezes com a possibilidade do uso de armas nucleares.

Na verdade, o líder ucraniano tem em Kursk, e outros locais russos recentemente dominados, um ativo para ser negociado depois com Putin. Tudo pode acontecer e o movimento da Ucrânia foi surpreendente, o que em Guerras costuma ser algo bom para quem surpreende.

Como Putin reagirá? Difícil saber ou prever. Por seu perfil, um recuo está fora de cogitação, contudo, não é possível saber hoje o que ele de fato fará.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse  www.institutoconviccao.com.br

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