A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de se reunir com influenciadores digitais na última quarta-feira (8) para debater uma espécie de mobilização digital está incomodando. Há ruídos no plano, tanto entre os próprios influenciadores, uma ala do PT e especialistas que enxergam na atitude uma espécie de bolsonarismo às avessas.
A coluna ouviu de um especialista em informação, que pediu para ter o nome mantido em sigilo por ter proximidade com o governo, que a estratégia é equivocada. "Influenciador não é especialista em informação digital e tratá-los como tal é um erro", avisa.
O profissional vai além e compara o QG que Lula e Janja estão criando com influencers com o que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fazia. "Qual a diferença disso para o gabinete do ódio do Bolsonaro?", questiona. Ele lembrou que a tática é tão semelhante que até quando há críticas ao modelo, a pessoa responsável pela crítica é alvo de uma enxurrada de perseguição nas redes sociais.
À coluna, o especialista lembra que as fake news precisam ser combatidas com mecanismos que tratem da verdade. "Usar influenciadores para decidir o que é verdade é basicamente a cloroquina das fake news", acredita.
Nem dentro do PT existe uma aceitação ao plano do presidente e da primeira-dama. "Político tratando temas com fuga da política é perigoso. Influenciador pode e deve participar do debate, mas não como protagonistas. Quem deve protagonizar o tema é a classe política", diz um deputado do partido.
O temor da classe política é a mesma do especialista. Que Lula esteja criando seu próprio QG para defender pautas do partido e usando a estrutura do governo para isso.