É preciso cuidado com piscinas rasas
Luísa Pécora/iG
É preciso cuidado com piscinas rasas


Lucas Santos, 16, foi passar o ano-novo na casa de uma tia, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. Em um passeio pela praia, resolveu tomar um banho de mar. Em uma fração de segundos, furou uma onda e no mergulho foi de cabeça em um banco de areia.

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O estudante perdeu os movimentos e ficou boiando por cerca de quatro minutos até que alguém percebesse o que havia ocorrido. Lucas passou por uma cirurgia e permaneceu internado por quase três meses.

Ao cair com o alto da cabeça em um local raso com banco de areia, ele sofreu um choque que fez seu pescoço dobrar enquanto o restante de seu corpo ainda permanecia em movimento. Lucas sofreu uma fratura em duas de suas vértebras e ficou tetraplégico.

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Episódios como este acontecem com uma frequência maior do que se imagina. Segundo dados do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o mergulho em água rasa é a quarta causa de lesão medular no Brasil.

Em época de verão, contudo, o mergulho mal calculado ocupa a segunda maior incidência do país – a cada semana, cerca de dez pessoas ficam paraplégicas ou tetraplégicas em acidentes nos rios, cachoeiras, lagos e piscinas. As vítimas são na maioria adolescentes e adultos do sexo masculino.

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Segundo dados da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, só no ano passado, todos os pacientes atendidos após acidentes em praias, cachoeiras ou piscinas ficaram tetraplégicos. Ou seja, em 100% dos casos a lesão medular resultou no comprometimento de movimento em todos os membros.

Diferente de outras deficiências, a prevenção do mergulho mal calculado pode evitar todos dos casos de deficiência física. Para isso, basta que a informação correta chegue de maneira eficiente à população e, principalmente, entre os jovens, que deveriam ser os maiores alvos de campanhas organizadas por municípios de todo o Brasil.

Quando fui vereadora de São Paulo, por exemplo, protocolei um projeto de lei que prevê uma semana, a última de novembro, para a realização de uma campanha de alerta sobre os riscos de mergulhar de cabeça no mar, em rios, lagos ou piscinas. Hoje, como senadora, continuamos nosso trabalho de conscientização, porque informação nunca é demais. Aliás, informação salva pessoas. Então, sempre vale reiterar dicas simples para evitar acidentes:

➡ não mergulhe em água com menos do dobro da sua altura;
➡ não beba se for mergulhar;
➡ não mergulhe em águas desconhecidas;
➡ verifique a profundidade da piscina antes de mergulhar
➡ não participe ou não permita brincadeiras quando estiver nadando ou mergulhando.

A distância entre uma pessoa com e sem deficiência pode ser mais curta do que imaginamos. Quando menos se espera você já pode ter mergulhado em outra realidade – sem caminho de volta.

Trilhar a superação é glorioso, mas a prevenção é e sempre será o melhor dos caminhos.

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