Casa destruída por ataque com mísseis na localidade de Krasylivka, na região de Kiev, em 8 de maio de 2024
Anatolii STEPANOV
Casa destruída por ataque com mísseis na localidade de Krasylivka, na região de Kiev, em 8 de maio de 2024


O Ocidente chegou a um momento de fadiga, segundo a ministra das Relações Exteriores da  Alemanha, Annalena Baerbock, que afirmou isso em uma reunião do conselho do mar Báltico em Kristiansand, na Noruega.

Annalena Baerbock citou o aumento nos preços da energia e dos alimentos como razão para tal cansaço, reforçando no seu discurso que é exatamente isso que o presidente russo,  Vladimir Putin, tem como objetivo final.

Esta postura de Berlim reforçou um raciocínio que tem ganhado tração no Ocidente acerca do impacto global do conflito.

No fórum econômico de Davos, o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger disse que  Kiev deveria ceder as terras ocupadas por Vladimir Putin e se declarar neutra.

Olaf Scholz disse não acreditar em uma vitória ucraniana e que Berlim apoiará Kiev até que Putin anuncie a conclusão dos seus objetivos estratégicos.

A percepção de que Moscou está em posição de vantagem vem dos combates em Severdonetsk e dos crescentes apelos na  Ucrânia sobre a situação de Donbass, no leste ucraniano, palco de guerra civil desde 2014.

A cidade é vital para a tomada da região de Lugansk e, assim, posicionar os russos no avanço sobre a área remanescente de Donetsk sob controle ucraniano. As duas províncias compõem o Donbass.

Se Putin for bem-sucedido não terá derrubado Volodymiy Zelensky, mas poderá colher uma vitória estratégica relevante.

No caso, a Ucrânia está alijada de sua pretensão de aderir à OTAN, e o Donbass estará ligado à Crimeia, anexada em 2014 por Putin.

Zelensky  descarta essa hipótese e diz que quer se encontrar com Putin para discutir a paz quando os russos suspenderem a guerra e se retirarem do território ucraniano.

Isso não é uma boa opção para o chefe do Kremlin, por significar quase uma abdicação nesse estágio do conflito.

Berlim pode acabar por apontar uma saída para o cerco mundial Moscou.

Alemanha não está querendo se associar às crescentes sanções a hidrocarbonetos russos, visto que depende do gás e do petróleo de Moscou e, por isso, estabeleceu grandes parcerias no setor energético com a Rússia.

Até o momento, com os norte-americanos à frente, a  OTAN tem apoiado o esforço de guerra ucraniana, mas sempre dentro do limite que considera seguro para não provocar uma terceira guerra mundial.

O chanceler ucraniano, Dimitro Kuleba, foi a Davos e criticou fortemente a aliança militar ocidental.

Kuleba afirmou que a OTAN, como uma aliança, está completamente de lado e fazendo literalmente nada.

Zelensky, no mesmo tom, criticou Kissinger e países europeus no seu discurso em Davos.

Não por acaso, Rússia e China fizeram recentemente a primeira patrulha conjunta com bombardeios capazes de carregar armas nucleares no Mar do Japão.

O exercício aeronaval, que não foi detalhado, foi um aviso contra a recente colisão entre Washington e Taiwan, segundo Pequim.

A crescente aproximação entre russos e chineses reforça a posição de Putin, que agora ameaça controlar parte das exportações de grãos da Ucrânia represada em Odessa, cerca de vinte milhões de toneladas.

Por fim, Putin vai consolidando a ‘russificação’ das áreas já sob seu controle ao sul. Estendeu o processo simplificando para obter passaporte russo aos moradores da área de Donbass-Crimeia.

Em meio à batalha, cresce, portanto, a pressão para que Kiev ceda na negociação diplomática, respeitando o cansaço no Ocidente com a extensão do conflito e abreviando a duração da guerra.

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