Sinais da emergência climática estão por toda a parte, com secas e chuvas intensas, incêndios, ondas de calor e frio, tornados e perda da biodiversidade. E, por isso, se torna imperativa a descarbonização das atividades humanas.
Devemos desenvolver uma economia de baixo carbono, estimulando eficiência energética, além da promoção da bioeconomia e da economia circular.
O Brasil está na vanguarda da transição energética. A participação das renováveis na nossa matriz energética chega a 45%, mais do que o triplo da média mundial de 14%.
A atual vantagem competitiva do Brasil em relação a outros países pode nos trazer grandes benefícios. Podemos atrair investimentos internacionais, expandir a oferta de fontes mais limpas de energia e com menor custo, implementar a cadeia de valor do hidrogênio, reduzir o desmatamento ilegal e fomentar novos mercados para a bioeconomia.
A descarbonização, além de ser prioridade, representa uma enorme oportunidade para a indústria brasileira se reposicionar, inovar e se tornar um agente importante do novo processo de desenvolvimento.
Precisamos pensar a sustentabilidade em suas dimensões ambientais, sociais e econômicas.
O Brasil pode se tornar um hub global de produção de ligas metálicas verdes ou se posicionar como centro da engenharia automotiva de baixo carbono, combinando a mobilidade elétrica os biocombustíveis, que capturam carbono no seu processo de produção.
Da mesma forma, acredito que seja possível impulsionar ainda mais a agroindústria e sua cadeia produtiva com tecnologias verdes, demonstrando o grau de sustentabilidade dos seus produtos, agregando valor a eles e dando ainda mais competitividade à produção brasileira no mercado internacional.
O processo de descarbonização tem potencial de gerar grandes negócios para o Brasil.
O importante é o Brasil focar essas oportunidades. Uma delas seria a industrialização do Nordeste a partir da produção do hidrogênio, para exportação e para abastecer cadeias de valor intensivas em energia, para produzir aço verde, cimento verde e fertilizantes verdes, que, por terem baixa pegada de carbono, serão mais competitivos no cenário internacional.
Outra oportunidade é a produção de combustível sustentável de aviação. O Brasil pode produzir biomassa para essa produção, aproveitando um enorme contingente de áreas de pastagens degradadas.
Acelerar a utilização de energias renováveis, principalmente em processos manufaturados intensivos em energia, vai impulsionar esse movimento.
Pautar a descarbonização da indústria por políticas orientadas por missões comerciais é um diferencial, porque evita o uso de subsídios. Além de acelerar a descarbonização da indústria local, ainda atrai plantas industriais de países sob pressão de custos de energia ou de compliance ambiental, o que estimula o crescimento econômico sustentável.
O Brasil tem tudo para ser líder mundial de uma economia verde.
Somos o destino ideal para empresas que precisam acelerar os seus processos de descarbonização com redução de custos. Agora, se faz necessário focar na regulamentação.
O mundo precisa resolver problemas complicados que exigem soluções igualmente difíceis, e a criação de um modelo de política industrial guiado por missões comerciais será a forma de o Brasil produzir bons resultados para algumas dessas questões.
A pergunta de fundo é como viabilizar um novo ciclo de desenvolvimento econômico no Brasil que seja justo, que melhore a vida das pessoas e que nos leve para um novo paradigma de sociedade, uma nova forma de nos relacionarmos com o meio ambiente, que seja sustentável e mitigue os riscos que estão postos pelo processo de transição climática, como vimos no Rio Grande do Sul.