Acho que muitos leitores e leitoras têm curiosidade de saber o que acontece em conferências e reuniões científicas. Existe uma aura de mistério ao redor destes eventos, e os filmes de Hollywood não ajudam muito, com uma visão estereotipada do que acontece.
Talvez vocês pensem que é uma grande festa regada a álcool. Talvez pensem que é uma série de aulas. Ou talvez alguns pensem que é um desperdício de dinheiro público, com viagens pagas pelo governo.
Bom, não é nada disso. É uma parte fundamental do meu trabalho, e vou tentar explicar um pouco mais aqui nesse artigo.
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A importância de conferências e colaborações na ciência
Já dizia o físico Isaac Newton: se consegui enxergar mais longe, foi porque me apoiei nos ombros de gigantes.
A ciência não pode ser vista como uma atividade individual. A imagem do cientista gênio que resolve tudo sozinho, naquele momento de epifania, é uma farsa — por mais que tentem vender figuras como Einstein dessa forma.
Não, a ciência é resultado de uma grande colaboração internacional, com o progresso feito através do esforço coletivo.
Você viu?
Dessa forma, conferências são fundamentais para unir esforços. Cada pesquisador ou pesquisadora contribui com um pedaço pequeno do quebra-cabeças, e a conferência é o momento para colocar tudo junto.
Isso vem através de palestras que damos, palestras que escutamos, de debates e discussões, de interação e networking. Aliás, quem acha que vai pra conferência só pra escutar e aprender está perdendo metade da diversão!
Tudo isso é fundamental inclusive para pensar nos próximos passos. Uma das coisas mais difíceis da ciência é pensar o que pesquisar — afinal, estamos sempre correndo atrás de algo que ninguém nunca viu antes — e esses eventos são terrenos férteis para novas ideias, pensando não apenas nas respostas mas também nas próximas perguntas.
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Fazendo uma social
Bom, nem tudo é trabalho. Em conferências, também temos as pausas para café, almoços, jantares e coquetéis.
Mas nem isso é só festa. A interação social é importante para descontrair um pouco, claro, mas a discussão científica continua mesmo fora do auditório. Inclusive algumas das melhores ideias acontecem nesse ambiente, quando juntamos cabeças para criar novas colaborações e pensar em novos projetos durante uma refeição.
Pensem nos grandes avanços recentes. Telescópios espaciais para descobrir planetas, grandes projetos para tirar a foto do buraco negro, instrumentos capazes de detectar a colisão de estrelas de nêutrons usando ondas gravitacionais: grande parte começou como uma conversa descontraída de cientistas com uma cervejinha do lado.
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