Pela primeira vez na história, astrônomos conseguiram detectar um planeta fora do sistema solar através de uma técnica denominada interferometria. O resultado abre uma nova janela para os caçadores de exoplanetas, oferecendo uma excelente oportunidade para estudarmos novos mundos em nossa galáxia.
A dificuldade de encontrar exoplanetas
Planetas fora do nosso Sistema Solar representam um enorme desafio para os astrônomos, e apenas recentemente obtivemos a primeira imagem direta de um exoplaneta.
Imagine uma fonte brilhante de luz, como um farol alto de um carro. Algo que realmente incomode os seus olhos. Agora pense em tentar observar um grão de areia ao lado desse farol. Difícil né?
Planetas são um problema semelhante. A proximidade da estrela ao redor da qual estão orbitando dificulta qualquer tentativa de uma foto do próprio planeta.
Não é à toa que quase todos os exoplanetas detectados até hoje foram observados de maneira indireta. Isso quer dizer que geralmente conseguimos ver apenas os efeitos sobre a estrela, como por exemplo o movimento da estrela causado pela gravidade do planeta ou a diminuição do brilho que ocorre quando o planeta passa em frente à estrela.
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Interferometria ao resgate
A interferometria oferece uma excelente alternativa. É uma técnica utilizada há muito tempo em radioastronomia, na qual o uso combinado de vários telescópios simula a existência de um único telescópio gigante.
Você viu?
Agora, no entanto, isso é possível também para o infravermelho. A nova câmera GRAVITY combina o poder dos telescópios do Observatório Europeu do Sul, no Chile, para simular um enorme instrumento de 100 m de diâmetro.
O GRAVITY já havia sido utilizado em observações importantes, como por exemplo a comprovação de efeitos da relatividade geral nas proximidades do buraco negro supermassivo em nossa galáxia, mas é a primeira vez que é utilizado para observar exoplanetas.
Assim, fazendo uso deste instrumento revolucionário, astrônomos conseguiram acompanhar o movimento do planeta em sua órbita ao longo durante 3 horas. HR8799e é um planeta gigante, um pouco maior que Júpiter, orbitando uma estrela na constelação de Pégaso a uma distância de 129 anos-luz.
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O futuro dos exoplanetas
Vale lembrar, este exoplaneta já havia sido descoberto em 2010. No entanto, é a primeira vez que conseguimos acompanhar sua órbita com tantos detalhes.
Não apenas isso, mas os astrônomos conseguiram usar o GRAVITY para estudar a atmosfera do exoplaneta, determinando que HR8799e está sofrendo uma enorme tempestade.
Segundo Sylvestre Lacour, líder da pesquisa, “As nossas observações sugerem uma bola de gás iluminada do interior, com raios de luz quente em movimento nas nuvens escuras tempestuosas.”
Estamos em uma era em que conseguimos descobrir milhares de planetas ao redor de outras estrelas. A combinação de técnicas e observatórios será uma grande revolução na nossa compreensão da formação de planetas — e quem sabe também no surgimento de vida no Universo?