Pantanal em chamas
Mayke Toscano
De acordo com ela, o boi é o "bombeiro do Pantanal"

A ministra da Agricultura , Tereza Cristina , participou na manhã desta sexta-feira (09) de audiência pública do Senado e afirmou que se tivesse mais criação de gado no Pantanal , os incêndios que consumiram grande parte do bioma nos últimos meses poderiam ser até menores. Segundo a ministra, o boi é o "bombeiro do Pantanal".

"Eu falo uma coisa que às vezes as pessoas criticam, mas o boi ajuda, ele é o bombeiro do Pantanal, porque ele que come aquela massa do capim, seja ele o capim nativo ou seja o capim plantado, que foi feita a troca. É ele que come essa massa para não deixar que ocorra o que este ano nós tivemos. Com a seca, a água do subsolo também baixou em seus níveis. Essa massa virou o quê? Um material altamente combustível, incendiário", afirmou.

A ministra foi convidada a falar na comissão sobre as queimadas no Pantanal. Tereza Cristina também é deputada licenciada, eleita pelo Mato Grosso do Sul , estado que abriga parte do bioma. Ela defendeu a pecuária na região.

"Aconteceu um desastre porque nós tínhamos muita matéria orgânica seca, e, talvez, se nós tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, teria sido um desastre até menor do que o que nós tivemos neste ano. Mas isso tem de servir como reflexão sobre o que é que nós temos de fazer", completou ela.

A declaração foi feita durante a audiência pública da comissão que acompanha as ações de combate aos incêndios no Pantanal. A ministra também afirmou que o bioma ainda está preservado .

"O Pantanal foi o celeiro, vamos dizer, da riqueza do nosso estado lá no passado, com a pecuária extensiva, e, assim mesmo, nós chegamos hoje, em 2020, a um Pantanal com mais de oitenta e tantos por cento de preservação", disse ela, sem citar a fonte dos dados.

Tutela do bioma

O colegiado também aprovou, durante a reunião, uma indicação para que a tutela do bioma passe a ser uma atribuição do Conselho Nacional da Amazônia, comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).

A indicação agora segue para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pedindo a ele para que inclua o bioma, sem que haja alteração do estatuto do Conselho, por decreto. O objetivo é que o Pantanal tenha mais apoio durante o período das secas pelos próximos cinco anos, com inclusão no conselho até 2025.

O documento, de autoria da senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi aprovado simbolicamente pela comissão, mas contestado pela ministra da Agricultura.

"Eu acho que essa é uma decisão que precisa ser amadurecida. Não vejo nenhum problema de ser inserido o Presidente da República, mas acho que essa conversa também precisa ser amadurecida, conversar lá com o Presidente do Conselho [da Amazônia], com o vice-presidente Hamilton Mourão, e ver como isso pode ser encaixado ou não, enfim, as vantagens e as desvantagens de estar no Conselho da Amazônia", disse a ministra.

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