Um grupo de oito países europeus fez um apelo para que o Brasil tome "ações reais" para combater o crescente desmatamento da Floresta Amazônica.
A Parceria das Declarações de Amsterdã, atualmente liderada pela Alemanha, enviou carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão na noite da terça-feira (15) manifestando preocupação sobre o que avalia ser o recuo do Brasil em relação ao sólido histórico de proteção ambiental do país. Ainda não houve reação da vice-presidência.
Na carta, de duas páginas, os países afirmam que seus esforços coletivos "para gerar um maior investimento financeiro na produção agrícola sustentável" poderiam favorecer o crescimento econômico do Brasil.
Mas também afirmam que o desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros: "Contudo, enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atendeemr a seus critérios ambientais, sociais e de governança"..
"Os países que fazem parte da Parceria das Declarações de Amsterdã contam com um compromisso político firme e renovado por parte do governo brasileiro para reduzir o desflorestamento e esperam que isso se reflita em ações reais imediatas", acrescentam.
A Parceria das Declarações de Amsterdã busca garantir o fornecimento de produtos livres de desmatamento para os países europeus. Dela fazem parte Alemanha, França, Dinamarca, Itália, Holanda, Noruega e Reino Unido. A Bélgica, que não faz parte da parceria, também assinou a carta.
A carta aberta elogia ações passadas do Brasil para proteger o meio ambiente, mas nota que "o desflorestamento aumentou em taxas alarmantes, recentemente documentadas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)". Os países afirmam que estão dispostos a intensificar o diálogo com o Brasil.
O vice-presidente Mourão, que também preside o Conselho da Amazônia, realizou encontros com investidores europeus este ano oferecendo a garantia que o Brasil está adotando medidas suficientes contra o desmatamento, incluindo uma moratória de 120 dias de queimadas na Amazônia.
O desmatamento na Amazônia brasileira saltou 34,5% nos 12 meses até julho deste ano, segundo dados preliminares do Inpe.
Outros números, do programa Queimadas, também do Inpe, mostraram que setembro de 2020 já registrou mais queimadas na Amazônia em 14 dias do que em todo o mesmo mês do ano passado. Do dia 1º até o dia 15 foram identificados 20.485 focos de calor, contra 19.925 nos trinta dias de setembro de 2019.