Mesa de debate da COP 25
Reprodução/Twitter/COP25CL
COP25 discutiu as mudanças climáticas e neste ano aconteceu em Madri

A cúpula climática COP 25 conseguiu fechar, neste domingo, um documento para a umentar a ambição em relação às metas climáticas de enfrentamento às mudanças climáticas em 2020 e cumprir o Acordo de Paris, pelo qual os países se comprometem a impedir que a temperatura média do planeta suba acima de 1,5°C neste século. O texto, intitulado "Chile-Madri, hora de agir", foi fechado quase dois dias após o dia marcado para o encerramento da conferência e após as negociações da maratona que duraram toda a manhã.

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Aprovado pela presidente da COP 25 , a chilena Carolina Schmidt, o acordo foi alcançado depois de um debate intenso com o Brasil, que não aceitou dois parágrafos incluídos no acordo sobre oceanos e uso da terra, inicialmente.

O texto final prevê que os países terão que apresentar, em 2020, compromissos mais ambiciosos para reduzir as emissões para enfrentar as mudanças climáticas. São as chamadas Contribuições Nacionais Determinadas.

O acordo também prevê que o conhecimento científico será "o eixo principal" a orientar as decisões climáticas dos países no que diz respeito ao aumento de suas ambições em relação ao clima. E isso deve ser constantemente atualizado, conforme os avanços da ciência.

Cerca de 200 países participam desta conferência da ONU, iniciada há duas semanas, em meio a pedidos urgentes da ciência e da sociedade civil para intensificar e acelerar as ações contra o aquecimento global.

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Na taxa atual de emissões, a temperatura global aumentará 4°C ou 5°C no final do século, enquanto a segurança climática será alcançada apenas limitando o aumento a menos de 2°C e, idealmente, 1,5°C. O mundo já ganhou 1°C em comparação com a era pré-industrial.

Em 2019, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram. O que deve ser feito, de acordo com a ONU, é reduzi-los em 7,6% ao ano, entre 2020 e 2030. Só assim seria possível limitar a temperatura a + 1,5 ° C.

Ativistas frustrados

No sábado, ativistas ambientais jogaram esterco de cavalo e fizeram simulações do lado de fora do local onde era realizada a cúpula climática da ONU em Madri, expressando sua frustração com o fracasso dos líderes mundiais em tomar medidas significativas contra o aquecimento global.

Lideradas pelo grupo Extinction Rebellion, as ações foram programadas para coincidir com o encerramento da cúpula COP25, onde os negociadores não conseguiram chegar a um acordo sobre como implementar o acordo climático de Paris de 2015, dentro do prazo previsto.

- Assim como reorganizar as espreguiçadeiras no Titanic, essa brincadeira da COP de contabilidade de carbono e negociação do Artigo 6 não é proporcional à emergência planetária que enfrentamos - disse o Extinction Rebellion em comunicado.

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As principais economias resistiram a apelos por compromissos climáticos mais ousados na cúpula do clima da ONU em Madri, que caminhava em direção a uma conclusão tardia no sábado, diminuindo as esperanças de que os países possam agir a tempo de interromper o aumento das temperaturas que está devastando populações e meio ambiente.

Com o encontro de duas semanas se estendendo para o fim de semana, ativistas e muitos delegados criticaram o Chile, que preside as negociações, por elaborar um esboço do texto de cúpula que, segundo eles, arrisca reverter o Acordo de Paris de 2015 para combater o aquecimento global.

- Em um momento em que os cientistas se alinham para alertar sobre consequências terríveis se as emissões continuarem aumentando e as crianças em idade escolar estão tomando às ruas aos milhões, o que temos aqui em Madri é uma traição a pessoas em todo o mundo - disse Mohamed Adow, diretor do Power Shift Africa, uma entidade de clima e energia em Nairóbi.

A maratona anual climática deveria ter terminado na sexta-feira, mas se arrastou, com ministros envolvidos em várias disputas sobre a implementação do Acordo de Paris, que até agora não conseguiu deter a marcha ascendente das emissões globais de carbono.

Participantes de longa data das negociações expressaram indignação com a falta de vontade dos principais poluidores em mostrar ambição proporcional à gravidade da crise climática, após um ano de incêndios, ciclones, secas e inundações.

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A União Europeia, pequenos Estados insulares e muitas outras nações pediram que a decisão de Madri sinalize que os mais de 190 países que participam do processo de Paris apresentarão promessas mais ousadas para reduzir as emissões no próximo ano.

O acordo entra em uma fase crucial de implementação em 2020, quando os países devem aumentar suas metas antes da próxima grande rodada de negociações, em Glasgow.

Se grandes economias como China, Índia, Japão, Brasil, Austrália e outras não concordarem com uma ação climática mais significativa em breve, os cientistas dizem que as esperanças já pequenas de evitar aumentos catastróficos de temperatura desaparecerão.

Embora nenhuma economia avançada ainda esteja no caminho certo para o tipo de ação que os cientistas dizem ser necessário para direcionar o clima para um caminho mais seguro, todos os 28 Estados membros da UE, exceto a Polônia, concordaram em Bruxelas na quinta-feira em atingir emissão líquida zero até 2050.

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