Amazônia
Fernando Frazão/ABr
Queimadas na Amazônia subiram 82% neste ano

Um relatório da ONG Human Rights Watch (HRW), divulgado nesta terça-feira (17), revela que o desmatamento e as queimadas na Amazônia estariam ligados a uma rede de crime organizado, chamada de "Máfia do Ipê", e milícias que ameaçam quem tenta denunciar os crimes. 

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De acordo com a HRW, a destruição da Amazônia está ligada a grilagem. Os criminosos tomam as terras, desmatam, queimam e as vendem com documentos falsos. A "Máfia do Ipê" também paga por mão de obra e máquinas e retira as árvores mais valiosas do local, como o Ipê, que pode ser vendido por um valor de R$ 2 mil a R$ 6 mil. 

Alguns casos também tinham participação do poder público. O documento cita um grupo organizado no Acre, que teria desmatado 180km² da floresta e tinha o diretor do Ibama no estado, cinco funcionários e quatro policiais em sua folha de pagamento. O esquema movimentou R$ 1,9 milhões. 

O relatório mostra ainda que indígenas, agricultores, moradores do local, agentes públicos e policiais são ameaçados e, às vezes, até assassinados caso denunciem os crimes praticados pela máfia. De acordo com a HRW, foram 28 assassinatos, 4 tentativas e 40 ameaças. Além disso, policiais ouvidos pela ONG relatam que a perícia raramente é feita pois as cenas do crime ficam em locais de difícil acesso. 

Apesar do desmatamento ter crescido a partir de 2012, foi em 2019 que ele atingiu índices mais elevados. Para a Human Rights Watch, o aumento tem relação com o discurso do presidente Jair Bolsonaro e medidas do governo, tais como a tentativa de transferir a Fundação Nacional do Índio (Funai) para a pasta da Agricultura e cortes de recursos do Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 

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A organização ouviu mais de 170 pessoas entre 2017 e 2019, entre policiais, membros do Ibama e ICMbio, Funai, indígenas, moradores locais e agricultores do Maranhão, Pará e Amazonas. 

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