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Indicadores de qualidade da água do rio Paraopeba, em Minas Gerais, revelaram que não há condições de vida aquática na região e que o rio é dado como “morto” desde o acidente com a barragem em Brumadinho, segundo informou um relatório da Fundação SOS Mata Atlântica. A expedição de ambientalistas que percorreu 350 quilômetros do rio ainda mostrou que a água do rio está repleta de metais pesados.
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O relatório foi divulgado nesta quarta-feira (27), apontando dados coletados, entre os dias 31 de janeiro e 9 de fevereiro, em 22 pontos, por toda a extensão do rio Paraopeba que foi afetada pela onda de rejeitos trazidos após o rompimento da barragem da mineradora Vale no dia 25 de janeiro.
Segundo a ONG, dos 22 pontos analisados, 10 apresentaram resultado "ruim" e 12, "péssimo". Foram registradas taxas elevadas de turbidez e de bactérias, além de baixa oxigenação da água na maioria dos pontos analisados.
Metais pesados, como manganês, cobre e cromo, foram encontrados no rio acima dos limites máximos fixados na legislação e, por isso, a água não deve ser consumida, podendo causar náuseas, rigidez muscular, tremores e fraqueza. A concentração elevada de ferro e manganês na água pode, inclusive, ser a responsável pela coloração avermelhada do rio.
“Os metais presentes na água nessas quantidades são nocivos ao ambiente, à saúde humana, à fauna, aos peixes e aos organismos vivos. Eles são reconhecidamente poluentes severos e podem causar diversos danos aos organismos, desde interferências no metabolismo e doenças, até efeitos mutagênicos e morte“, afirmou a professora Marta Marcondes, coordenadora do Laboratório de Análise Ambiental do Projeto Índice de Poluentes Hídricos (IPH), Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS).
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Os resultados também revelaram que as águas do rio não foram as únicas afetadas pela lama . Mais de 110 hectares de florestas nativas também foram devastados, sendo que, destes, 55 hectares eram de áreas bem preservadas.
De acordo com a SOS Mata Atlântica, o rio deve ser monitorado permanentemente e os serviços de saneamento básico implementados devem ser ampliados. A ONG ainda afirmou que não há prazo para que o ecossistema se recupere, já que as características dos rejeitos podem se modificar ao longo do tempo conforme as condições climáticas e, assim, a instabilidade nos indicadores de qualidade da água podem durar décadas.
“ O rio Paraopeba perdeu a condição de importante manancial de abastecimento público e usos múltiplos da água em razão das 14 toneladas de rejeitos de minérios arrastadas e depositadas no rio, resultado do rompimento da barragem no Complexo do Córrego do Feijão, da Vale, na região de Brumadinho ”, afirmou o documento.
No dia do rompimento da barragem, no último mês , a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já havia suspendido a captação da água do rio Paraopeba . Desde então, o abastecimento da população está sendo realizado pelas represas do Rio Mando, Serra Azul, Várzea das Flores e pela captação a fio d’água do Rio das Velhas.