Conhecidos como “fósseis vivos”, os celacantos podem entrar em extinção em pouco tempo. De acordo com o The Guardian , eles já são considerados os peixes mais ameaçados da África do Sul, e, agora, uma colônia com 30 indivíduos da classe pode desaparecer por causa de uma nova exploração de petróleo na costa leste do país.
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De coloração azul, os peixes pré-históricos pesam o equivalente a um humano adulto e estão entre os animais mais raros do mundo. Os celacantos são mais antigos que dinossauros e pararam de evoluir há 420 milhões de anos, mantendo preservadas as mesmas características dos milênios passados.
As maiores expectativas sobre os animais surgiram em dezembro de 2000, quando uma pequena colônia foi encontrada sob cânions na Baía de Sodwana, também na África do Sul. Contudo, justamente esses indivíduos, que agora correm o risco de morrer, são afetados pela atuação de uma empresa de energia na região.
O grupo Eni pretende perfurar dezenas de poços de petróleo em uma área de 400 quilômetros de extensão, que, chamada de “bloco ER236”, está a 40 km da Baía de Sodwana.
Por mais que a distância soe o suficiente para garantir a sobrevivência dos animais, os especialistas discordam. Segundo Andrew Venter, diretor executivo da Wildtrust, grupo de conservação que tenta aumentar a área de proteção ambiental nos mares do país, o petróleo consegue se espalhar com muita facilidade.
“O vazamento de petróleo no Golfo do México, em 2010, dizimou a população de peixes. Então, se tivermos um vazamento assim por aqui, é muito provável que acabe com a colônia de ‘fósseis vivos’”, declarou.
De acordo com o especialista Mike Bruton, esses peixes são criaturas muito peculiares, sensíveis a qualquer modificação no ambiente. “Qualquer coisa que interfira em sua capacidade de absorver oxigênio, como a poluição por petróleo, pode ameaçar sua sobrevivência”, explicou sobre a possível extinção dos animais.
“O risco de haver vazamentos durante a exploração ou futura produção comercial no bloco ER236 são assuntos que geram muita preocupação”.
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Posição da empresa exploradora de petróleo sobre os celacantos
A empresa Eni se pronunciou e disse que, no ano passado, encomendou uma pesquisa de impacto ambiental, cujos resultados apontam baixas chances de tais animais serem afetados pela exploração do hidrocarboneto. “Sempre aplicamos os mais avançados padrões ambientais e operacionais, que costumam ir além das regulações locais”, disse.
“Antes de qualquer operação, nós realizamos um mapeamento detalhado para identificar habitat marinhos sensíveis que guiem nosso planejamento. Além disso, a Eni preenche todos os requisitos do programa de gerenciamento ambiental”, continuou a declaração. “Estudos especializados foram conduzidos e nenhuma ameaça específica foi levantada”, completou.
Ainda foi dito que o estudo sobre o impacto no ambiente no caso de um vazamento de petróleo está sendo revisado no momento.
Por fim, Bruton ressaltou que "o risco precisa ser avaliado de maneira cuidadosa antes dessa ação comercial avançar. Vazamentos de petróleo não respeitam os limites de áreas marinhas protegidas".
Mais sobre os celacantos
Todos acreditavam que tais criaturas estavam extintas até 1938, quando o primeiro celacanto vivo foi encontrado no porto de East London, na África do Sul. Contudo, com apenas um representante da classe, os cientistas ainda não poderiam afirmar que as espécies ainda existiam.
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Assim, foi só no começo da década de 1950, quando pescadores encontraram vários de seus indivíduos no Arquipélago das Comores, no continente africano, que os pesquisadores confirmaram que os celacantos não estavam extintos.