Os impactos negativos da greve dos caminhoneiros foram amplamente noticiados nos últimos dias – consequências que vão desde o desabastecimento dos postos de combustíveis , dos aeroportos, até os prejuízos milionários para o País e para diversos setores da economia. No entanto, além da mobilização ter recebido o apoio de grande parte dos brasileiros , outro aspecto positivo da paralisação pode ser notado: a greve reduziu os efeitos da poluição na cidade de São Paulo.
A informação foi divulgada, nesta quarta-feira (30), pelo Sistema de Informações de Qualidade do Ar, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Segundo o sistema, a queda no tráfego, gerada pela greve dos caminhoneiros , que já agradou parte dos moradores devido à falta de congestionamento na cidade, levou à diminuição pela metade da poluição atmosférica na capital paulista.
“Houve uma redução de 50% da poluição na capital paulista. Esse é um episódio raro e vamos estudar suas consequências na saúde pública. Quem sabe, essas evidências quantitativas sirvam de argumento para a criação de políticas públicas”, disse Paulo Saldiva, o diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP).
Os dados positivos para a saúde do meio ambiente paulistano foram revelados, hoje, no evento “Diálogos Interdisciplinares sobre Governança Ambiental da Macrometrópole paulista”.
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Na tarde da última segunda-feira (28), por exemplo, quando os caminhoneiros estavam no auge da paralisação, a qualidade do ar na capital paulista era considerada boa em todas as estações de medição e para todos os poluentes analisados, o que é difícil de ser registrado na cidade.
De acordo com a comparação dos dados diários sobre poluição
atmosférica medidos pela Cetesb, os índices de poluição aumentaram quando houve a liberação do rodízio, seguido de uma forte queda após a falta de combustível e a redução de carros e a frota de ônibus nas ruas da capital.
Índices de poluição
O diretor do IEA-USP comparou os dados relativos aos índices de monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (N2O) e partículas inaláveis na atmosfera. Esses três índices são diretamente ligados à liberação da queima de combustíveis e, historicamente, são mais altos às segundas e sextas-feiras, quando há mais trânsito na cidade. Consequentemente, esses mesmo índices diminuem nos fins de semana.
Como comparação, a equipe de pesquisadores teve a oportunidade de medir a poluição de São Paulo em uma outra experiência rara: a greve dos metroviários em maio de 2017. Naquela época, no entanto, a poluição atmosférica dobrou. Isso porque as pessoas que tiveram problemas com o transporte público, optaram por tirarem seus carros da garagem.
Por fim, há estimativa de que desta vez, a redução de carros e ônibus na rua, causada pela greve dos caminhoneiros , evite também, pelo menos, seis mortes por dia na capital paulista. “Só teremos essa resposta mais para frente, com os cálculos prontos”, afirma Saldiva.
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* Com informações da Agência Brasil.