Uma pesquisa publicada na revista Nature Communications identificou traços genéticos da Síndrome de Down em ossos antigos de 7 bebês. Com ossadas chegando a 5 mil anos, um estudo do DNA dos bebês foi desenvolvido para identificar os traços genéticos.
A condição ocorre em 1 a cada 700 bebês, sendo causada pela cópia do cromossomo 21. Este cromossomo extra faz com que uma série de alterações ocorram no corpo, afetando, por exemplo, o sistema cardíaco e a aprendizagem.
O estudo se baseia na pesquisa de Lara Cassidy, então geneticista do Trinity College Dublin, de 2020. Na época, a cientista foi a primeira a encontrar um bebê com Síndrome de Down através do DNA. No novo estudo, os cientistas examinaram o gene de esqueletos enterrados em uma tumba, que possui cerca de 5.500 anos. Ela está localizada no oeste da Irlanda.
O estatístico do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Adam Rohrlach, desenvolveu um método para conseguir encontrar a assinatura genética, possibilitando a examinação rápida dos milhares de ossos.
Dessa maneira, nos ossos que ainda preservassem DNA, o teste mostrava os pequenos fragmentos genéticos. Esses fragmentos, muitas vezes, vinham de micróbios que crescem nos ossos após a morte. Rohrlach começou a procurar em um banco de dados com 10 mil ossos humanos analisados por cromossomos extras.
O cientista então escreveu um programa para classificar os fragmentos do DNA recuperado por cromossomo e identificar os ossos que tinham um número incomum de sequências provenientes de um cromossomo específico.
Na coleção do Instituto, seis ossos com DNA com a assinatura da Síndrome de Down foram identificados, sendo três de bebês até um ano e três de fetos mortos antes de nascer.
O estudo ainda aponta para uma ossada com uma cópia do cromossomo 18, que causa a condição da chamada Síndrome de Edwards, que geralmente causa a morte do feto antes do nascimento. A ossada é de um feto que não nasceu e morreu com semanas, estando gravemente deformado.
Entretanto, a pesquisa não conseguiu chegar a um resultado de quão comum a Síndrome de Down era na época.
O cientista ainda aponta que os três bebês com Síndrome de Down e o bebê com Síndrome de Edward foram enterradas, coisa que não era comum para as pessoas da cultura que costumam cremar seus entes após a morte. "Eram bebês especiais que estavam sendo enterrados nessas casas, por razões que ainda não entendemos", afirma o cientista.