Eclipse parcial da lua
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Eclipse parcial da lua

Um novo estudo astronômico trouxe informações sobre a Lua que podem alterar a forma como as futuras missões espaciais acontecerão no satélite. Publicada na quinta-feira passada (25) no periódico The Planetary Science Journal, a pesquisa constatou não apenas que a Lua vem diminuindo com o tempo, como também que podem ocorrer terremotos em sua superfície.

O estudo descreve que a Lua encolheu mais de 45 metros de sua circunferência em centenas de milhões de anos. Muito provavelmente, essa diminuição pode ter levado à formação de falhas, que geram abalos sísmicos.

Segundo o estudo, o encolhimento da superfície lunar foi capaz de gerar uma deformação significativa no polo sul do satélite natural, ao ponto de afetar áreas em que os pousos tripulados da Artemis 3 — nova missão que aconteceria em setembro de 2026, para levar humanos à Lua pela primeira vez depois de mais de 50 anos. Com isso, algumas áreas da Lua podem oferecer perigo para futuras missões espaciais.

"De maneira semelhante a uma uva que enrugou ao se transformar em uma passa, a Lua também desenvolve dobras à medida que encolhe", explica um comunicado da Universidade de Maryland, dos Estados Unidos, envolvida na descoberta. "Mas, ao contrário da pele flexível de uma uva, a superfície da Lua é frágil, causando o surgimento de falhas onde seções da crosta se pressionam umas contra as outras."

Terremotos lunares

De acordo com o comunicado, para elaborar o estudo, foram vinculadas um conjunto de falhas do polo sul lunar com terremotos registrados há mais de 50 anos pelos sismômetros do Programa Apollo. Dessa forma, realizou-se a simulação da estabilidade das encostas superficiais na região foi feita, para identificar as áreas particularmente vulneráveis.

"Nossas simulações sugerem que terremotos lunares rasos capazes de gerar forte trepidação no solo na região polar sul são possíveis a partir de eventos de deslizamento em falhas existentes ou na formação de novas falhas de empuxo", ressalta Thomas R. Watters, cientista sênior emérito no Centro de Estudos da Terra e Planetários do Museu Nacional do Ar e Espaço e autor principal do estudo, ainda em comunicado.

O estudo identificou, ainda, que os tremores lunares rasos - ou seja, causados por falhas no interior da Lua - podem ser fortes o suficiente para danificar possíveis estruturas humanas no satélite, como edifícios e equipamentos. Além disso, ao contrário dos abalos sísmicos terrestres, que duram alguns segundos ou minutos, os lunares podem se prolongar por horas ou até uma tarde inteira.

"À medida que nos aproximamos da data de lançamento da missão Artemis tripulada, é importante manter nossos astronautas, nosso equipamento e infraestrutura o mais seguros possível. Este trabalho está nos ajudando a nos preparar para o que nos espera na Lua, seja pensando na engenharia de estruturas que possam resistir melhor à atividade sísmica lunar ou na proteção das pessoas de zonas realmente perigosas", pontua, por fim, Nicholas Schmerr, coautor do estudo e professor associado de geologia na Universidade de Maryland.

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