Prédio da Unifesp, Universidade Federal de SP
Foto: Divulgacao
Prédio da Unifesp, Universidade Federal de SP

Um grupo de cientistas deu início nesta semana aos trabalhos de um novo centro de pesquisa que tem a ambição de combater o negacionismo no país e ampliar o acesso do público aos bens e ao conhecimento gerado pela pesquisa brasileira.

Batizado Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (SOU_Ciência), o núcleo que envolve mais de 50 pesquisadores em diversas instituições de pesquisa do país terá como objetivo estudar a gestão, o financiamento e o acesso do público aos benefícios gerados pela ciência produzida no país.

A primeira coordenadora do grupo será Soraya Smaili, farmacóloga e reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) . O grupo integra diversos cientistas que tiveram papel influente na academia brasileira no passado, incluindo ex-reitores de outras universidades e cientistas que ganharam evidência durante a atual pandemia.

Um dos objetivos do novo centro de pesquisa será medir com mais detalhamento o retorno financeiro e sociocultural que o investimento em pesquisa traz hoje ao Brasil. Segundo Smaili, existe uma percepção equivocada em parte do público de que o as universidades não retornam à sociedade o que é investido nela.

— Um problema que temos é que existe pouca produção acadêmica gerando dados para a gente pensar a universidade e a educação superior no Brasil — diz Smaili.

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— Um dos pesquisadores que estão no centro conosco é o professor Nelson do Amaral, da Universidade Federal de Goiás. As pesquisas dele mostram que, em média, para cada R$ 1 investido em pesquisa no Brasil as universidades retornam R$ 4 à sociedade. Existem formas de medir isso, mas nós precisamos aprofundar esse tema — diz a cientista.

Segundo Smaili, a situação de conflagração de cientistas brasileiros com grupo negacionistas que têm penetração no governo é aquilo que inspirou, em parte, a criação do novo centro. A cientista afirma que o clima de hostilidade que se criou contra pesquisadores brasileiros se deve em parte ao desconhecimento por parte do público sobre como se produz ciência.

— Nós vemos hoje no Brasil grupos que são antivacina e e anticiência, e eles são alimentados sobretudo por um governante que estimula esse tipo de atuação — diz Soraya, que critica tentativas da Presidência da República de interferir na autonomia das universidades.

O SOU_Ciência é composto de um corpo de 25 professores associados e, por enquanto, outros 27 cientistas. O grupo inclui docentes de 25 universidades diferentes, incluindo 18 federais, 3 estaduais, 3 particulares e duas estrangeiras.

Já estão abertos editais para bolsas de pesquisa no centro nos níveis de iniciação científica e pós-doutorado. O lançamento oficial do grupo foi feito nesta quinta em seminário online. O site do projeto é o souciencia.unifesp.br.

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