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Fóssil da Najash.
Fernando F. Garberoglio
Fóssil da Najash.

Um estudo de uma equipe internacional de cientistas baseado em fósseis bem preservados de uma cobra terrestre antiga, a najash , traz novidades sobre a origem dos répteis rastejantes. As descobertas, apresentadas na revista “ Science Advances ”, fornecem detalhes sobre como o crânio flexível das cobras evoluiu a partir de seus ancestrais lagartos. Novas análises da árvore genealógica das cobras também revelaram que esses animais possuíam patas traseiras durante os primeiros 70 milhões de anos de sua evolução.

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A pesquisa, liderada por Fernando F. Garberoglio, da Universidade Maimónides (Argentina), teve a participação de cientistas de universidades da Austrália, do Canadá e dos EUA.

A evolução do corpo da cobra atraiu os pesquisadores por um longo tempo, ao representar um dos exemplos mais dramáticos da capacidade de adaptação do corpo dos vertebrados. Mas o número restrito de fósseis para estudo não permitia que sua evolução inicial até agora fosse devidamente compreendida.

    A Najash rionegrina recebeu o nome da cobra bíblica de pernas Nahash (hebraico para cobra) e da província de Rio Negro (norte da Patagônia), na Argentina, onde os fósseis foram descobertos por Garberoglio em 2013. Anos depois, novos crânios e esqueletos dessa cobra ancestral foram descobertos. Os fósseis de najash têm cerca de 95 milhões de anos (período Cretáceo) e foram descritos pela primeira vez na natureza a partir de um crânio fragmentado e do esqueleto parcial do corpo que preservava membros traseiros robustos.

    Transição do crânio

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    “As cobras são famosas como animais rastejantes, mas muitos lagartos também são assim”, afirma Alessandro Palci, da Universidade Flinders (Austrália), coautor do estudo. “O que realmente diferencia as cobras é o crânio altamente móvel, que lhes permite engolir grandes presas. Há muito tempo que nos falta informações detalhadas sobre a transição do crânio relativamente rígido de um lagarto para o crânio superflexível de cobras.”

    Ele prossegue: “A najash tem o crânio mais completo e tridimensionalmente preservado de qualquer cobra antiga, e isso fornece uma quantidade incrível de novas informações sobre como a cabeça das cobras evoluiu. Ela possui algumas, mas nem todas as articulações flexíveis encontradas no crânio das cobras modernas. Seu ouvido médio é intermediário entre o de lagartos e cobras vivas, e, ao contrário de todas as cobras vivas, ela mantém uma maçã do rosto bem desenvolvida, que lembra novamente a dos lagartos.”

    Outro coautor, Mike Lee, da Universidade Flinders e do Museu do Sul da Austrália, acrescenta: “A najash mostra como as cobras evoluíram dos lagartos em etapas evolutivas incrementais, como Darwin previu”.

    A nova árvore genealógica das cobras também revela que as cobras possuíam patas traseiras pequenas, mas perfeitamente formadas, durante os primeiros 70 milhões de anos de sua evolução.

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    “Essas cobras primitivas com perninhas não eram apenas um estágio evolutivo transitório no caminho para algo melhor. Em vez disso, elas tinham um plano corporal altamente bem-sucedido que persistiu por muitos milhões de anos e se diversificou em uma variedade de nichos terrestres, aéreos e aquáticos”, diz Lee.

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