Um grupo com mais de 300 cientistas desvendou um mistério secular sobre uma ‘partícula fantasma’ observada no espaço há anos. Os estudos publicados na revista Science mostraram que pesquisadores de 12 países diferentes identificaram que o ‘raio cósmico’ que estava sendo disparado em direção a Terra veio de um buraco negro supermassivo que engloba toda uma galáxia, nomeado de "blazar".
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O enigma iniciado em 1911, quando o físico austríaco Victor Hess registrou pela primeira vez uma mistura de prótons e núcleos atômicos com alta concentração de energia, a que chamou de “raio cósmico", foi revelado após a realização de muitos estudos. Pesquisadores da Universidade de Maryland explicaram que o blazar, local de origem da ‘ partícula fantasma
’, foi descoberto com a ajuda de um observatório chamado IceCube, localizado no Polo Sul terrestre.
Estudos anteriores sobre a ‘partícula fantasma’ e descoberta atual
A equipe afirmou que, anteriormente, pesquisas detectaram que partículas de baixa energia se originavam de astros gigantescos na Via Láctea. Entretanto, a dificuldade na identificação do local de origem das mais poderosas, conhecidas como UHECRs (sigla para Ultra-high Energy Cosmic Rays) permaneceu, sendo analisada com eficácia somente agora.
Também conhecidas como neutrinos, as UHECRs são partículas consideradas raras no universo, já que quase não possuem massa e interagem, como as demais já estudadas. Por isso, quando um neutrino se desenvolve, trilha um caminho linear, sem deixar muitos rastros de sua rota no universo. Tal fato deu aos neutrinos o apelido de 'partículas fantasmas', uma vez que atravessam planetas e estrelas facilmente, sem desviar o trajeto percorrido.
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Cientes dessa condição, os cientistas fundaram o IceCube, conseguindo assim localizar um neutrino e o caminho traçado por ele. O professor de física da Universidade de Wisconsin e líder do observatório, Francis Halzen, ressaltou que, apesar de não serem o mesmo elemento, raios cósmicos e neutrinos são formados quando prótons de alta energia e outros núcleos atômicos, também componentes de raios cósmicos, colidem uns com os outros no espaço. Com isso, pode-se considerar que “onde há neutrino, há raio cósmico”.
A equipe destacou que o neutrino detectado no ano passado foi identificado como IceCube-170922 e analisado por dez meses. Com o diagnóstico minucioso, foi descoberto que ele vinha de uma parte do céu onde fica a C onstelação de Orion , mesmo local que o pesquisador Yasuyuki Tanaka, da Universidade de Hiroshima, descobriu o candidato a "pai" dos neutrinos que enviavam partículas em direção a Terra e dos raios cósmicos: o blazar.
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Descrito como uma espécie de galáxia que circunda um buraco negro supermassivo responsável por ‘lançar’ radiação gama em altíssimas concentrações, o blazar "TXS 0506+056" fica a quatro bilhões de anos-luz da Terra e tem seus raios cósmicos formados em regiões de grande atividade energética no universo. “A ' partícula fantasma
’ que passou pela Terra vem de alguma parte da Constelação de Orion. Essa é, com certeza, uma informação importante e um primeiro passo dado com sucesso para um entendimento completo sobre neutrinos, raios cósmicos e blazars”, concluiu o grupo.